Sociedade

O melhor e o pior de 2018

Escrito por Jornal O Interior

Com o ano a chegar ao fim é tempo de deitar um olhar sobre as principais notícias que marcaram a região. A saúde e as portagens voltaram a ser temas frequentes em 2018, que trouxe também novos investimentos, novidades para o Hotel Turismo da Guarda e mudanças na liderança da CIMBSE, do IPG e nos órgãos partidários locais.

Janeiro
Passadas as festividades de Natal era tempo de fazer contas ao que cada município gastou nas atividades natalícias. Guarda e Pinhel foram as autarquias que mais despenderam em animação, com os valores a rondarem os 232 mil e 150 mil euros, respetivamente. A mudança de ano não trouxe melhores notícias à saúde e o “impensável” sucedeu-se várias vezes ao longo de 2018. Logo na primeira edição do ano dávamos conta que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) esteve parada ao longo de um dia por falta de médico. Já a gripe obrigava a um reforço de equipas na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda. O INTERIOR noticiou ainda que os municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE) com maior despesa com pessoal eram a Guarda (9,7 milhões de euros) e a Covilhã (5,6 milhões de euros). Numa região que luta pela reposição das SCUT, as portagens voltavam a gerar críticas com um agravamento de 1,4 por cento em alguns lanços da A23 e A25. Este foi, aliás, um ano de vários protestos organizados pela Comissão de Utentes, enquanto a CIMBSE vivia um impasse na escolha do novo presidente. Na Guarda, Álvaro Amaro surpreendeu com a decisão de transferir Américo Rodrigues, antigo coordenador da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), para a Educação. Já a ULS da Guarda voltava a dar que falar com os elevados tempos de espera para consultas, nalguns casos superior a dois anos, e foi também notícia a morte de duas mulheres por atropelamento, na Guarda.

Fevereiro
Houve finalmente uma luz ao fundo do túnel para o Hotel Turismo, que foi entregue ao Grupo MRG para requalificação. Na Covilhã, um “call center” da Altice criou 150 novos postos de trabalho, enquanto Figueira Castelo Rodrigo era o concelho da região com as casas mais baratas e a Guarda era o município mais caro. À cidade mais alta chegavam, entretanto, outras boas notícias, não só continuava a ser a líder de exportações na região, como era anunciada uma nova fábrica da Coficab para a plataforma logística, num investimento que ronda os 30 milhões de euros e poderá criar até 300 postos de trabalho. A CIMBSE via finalmente resolvido o impasse da presidência e O INTERIOR avançava com o nome do sucessor de Paulo Fernandes: Carlos Camelo, autarca de Seia. Entretanto, do outro lado da fronteira, em Retortillo (Espanha) uma exploração de urânio a céu aberto naquela localidade de Ciudad Rodrigo era licenciada sem que o Estado português tivesse sido consultado.

Março
O Hotel Turismo era de novo notícia, desta vez pelos 7 milhões de euros que o grupo MRG iria investir na histórica unidade hoteleira da Guarda, tendo quatro anos para a transformar num hotel de quatro estrelas. Quem também esteve de novo nas capas de jornais, e por maus motivos, foi Ana Manso que foi julgada por peculato por ter recebido despesas de representação inerentes à função do Conselho de Administração da ULS da Guarda após ter sido demitida. Entretanto, a concelhia do PSD da Guarda ia a eleições disputadas por Tiago Gonçalves e Júlio Santos. Também na distrital do PS se preparavam mudanças na liderança, à qual concorreram Alexandre Lote, José Luís Cabral e Pedro Fonseca. Os socialistas elegeram este último, mas só à segunda volta frente a Alexandre Lote. Do Governo chegava a confirmação de que não estava previsto acabar com as portagens na A23 e A25, mas também a luz verde para a conclusão da modernização do último troço da Linha da Beira Baixa, entre a Covilhã e a Guarda. O ranking da consultora Bloom Consulting colocava a Covilhã em primeiro lugar dos melhores municípios para viver, seguida da Guarda. Este mês arrancou também o julgamento do presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, e do ex-presidente da Assembleia Municipal, Manuel Santos Silva, ambos acusados de prevaricação de titular de cargo político e participação económica por causa de um terreno no Canhoso. E passados cinco meses sobre os incêndios de 15 de outubro um pastor de Vinhó (Gouveia) continuava sem casa e dormia num contentor frigorífico para proteger o que lhe restou do rebanho de cabras. Já o candidato do PSD à Câmara da Covilhã, Marco Baptista, era detido na Psiquiatria do Hospital da Guarda depois de alegadamente ter fugido com 115 mil euros da Rede de Judiarias de Portugal.

Abril
Na primeira edição deste mês titulávamos que o distrito da Guarda está em risco de perder um deputado nas legislativas de 2019 devido à quebra contínua de eleitores. A exploração mineira na Serra da Argemela, que abrange os concelhos da Covilhã e Fundão, gerava contestação e o Governo recomendava a sua suspensão. Os vereadores do PS acusavam a Câmara da Guarda de gastar o dinheiro dos SMAS, que no início do ano foram integrados na autarquia, enquanto Tiago Gonçalves era eleito na concelhia do PSD. Foi também notícia uma viagem de finalistas de estudantes da Covilhã que terminou em tragédia, após um despiste do autocarro que regressava de Espanha e causou a morte de um jovem de 18 anos. Por Celorico da Beira, o PS local denunciava o contínuo encerramento das piscinas municipais, que dura há mais de uma década, e Fornos de Algodres era eleito o município mais transparente. No Marmeleiro (Guarda) vivia-se um impasse governativo desde outubro de 2017: o PSD, que venceu as eleições para a Junta, não conseguia formar executivo por falta de acordo com CDS e PS. A situação só foi resolvida meses mais tarde. O INTERIOR titulou também que aas contas da autarquia guardense referentes a 2017 revelavam um saldo positivo de 4,9 milhões de euros. E, na Covilhã, um fabricante de joias de luxo investia cerca de cinco milhões de euros numa nova fábrica no parque industrial do Tortosendo.

Maio
O mês de maio colocava a abertura do Hotel Turismo em contagem decrescente, enquanto a nova sede da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior era inaugurada no jardim do Solar Teles de Vasconcelos, na Guarda. Depois de vários meses de espera, o contrato de concessão entre o Governo e o grupo MRG era finalmente assinado e colocava PSD e PS locais a reclamar louros pela reabertura do Turismo. António Luciano, na altura capelão do Hospital Sousa Martins, era nomeado Bispo de Viseu pelo Papa Francisco e Ana Manso, ouvida em tribunal, rejeitava culpas no caso em que era acusada. Entretanto, o Movimento pelo interior, liderado por Álvaro Amaro, apresentava ao Presidente da República 24 medidas para travar a desertificação de metade do país. Na Guarda, o PS anunciava que ia deixar a histórica sede devido ao «aumento exponencial» da renda e mudava-se para novo espaço na Rua Mestre de Avis, no Bonfim. Em Belmonte, António Dias Rocha decidia entregar pelouros à oposição, nomeadamente a Amândio Melo e Luís António Almeida, eleitos com o apoio do PSD e MPT. Na Guarda, era posto a concurso o terminal rodoferroviário. Depois dos incêndios de 2017, Marcelo Rebelo de Sousa voltava a distribuir afeto em Gouveia, onde acompanhou os trabalhos de recuperação das casas ardidas. Já Ângela Guerra perfilava-se para a liderança da distrital do PSD, na procura de um «novo projeto político». Maio chegava ao fim com a denúncia de que continuava a poluição na Rasa, um bairro periférico da Guarda, situação que O INTERIOR já tinha noticiado em 2016. E em Vila Nova de Foz Côa realizava-se mais uma edição do Festival do Vinho do Douro Superior. Por sua vez, o pólo museológico de Vilar Formoso Fronteira da Paz – Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes e a Casa da Memória Judaica da Raia Sabugalense foram galardoados pela Associação Portuguesa de Museologia.

Junho
A saúde voltava a ser notícia por maus motivos, desta vez a falta de enfermeiros devido à lei da redução do horário para 35 horas, que obrigou a ULS da Guarda a encerrar camas. O Externato do Soito, no Sabugal, anunciava que ia fechar por falta de apoios e na Guarda a autarquia apresentava o projeto de requalificação do Largo da Misericórdia, que aposta em mais zonas pedonais para «devolver» o largo às pessoas. Por esta altura, a cidade acolhia mais uma edição do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea e davam-se os primeiros passos para apostar no “cluster” automóvel através da abertura de um curso superior técnico profissional (TeSP), numa parceria do IPG com empresas de cabos e componentes para automóveis da Guarda. Carlos Peixoto era reeleito na distrital do PSD, derrotando Ângela Guerra. Neste mês soube-se também que, em 2017, a capital de distrito voltava a ser o concelho da CIMBSE mais exportador, com 44 por cento das exportações, mas foi na Covilhã que se registou o maior crescimento. A “cidade neve” era também notícia pela falta de pagamento das verbas do orçamento participativo às associações que o tinham ganham. E começava a ser julgada no Tribunal da Guarda a mulher que, em setembro de 2017, tinha matado o próprio filho. Já a Câmara da Guarda avançava com a organização de um mercado quinzenal ao domingo, no centro da cidade, e divulgou o resultado do estudo para a localização do futuro multiusos da cidade, com sete alternativas possíveis e custos que variam entre 10 e 21 milhões de euros. Mas 2018 chega ao fim sem qualquer decisão tomada.

Julho
Professores por todo o país protestavam pela contagem integral do tempo de serviço. A Guarda não era exceção e centenas saiam à rua em protesto. A falta de crianças anunciava o encerramento dos jardins de infância do Cubo e Vila Garcia, na Guarda, e do Carvalhal da Louça, em Seia. Na ULS, a falta de ortopedistas obrigou à transferência para o hospital de Viseu de uma criança de 11 anos com uma fratura no braço. Este mês foi inaugurada a nova sede da CIMBSE no edifício dos antigos Paços do Concelho, que garantia à Guarda a capitalidade regional. Julho trouxe ainda o lançamento do concurso da primeira empreitada de modernização da linha da Beira Alta e o anúncio de uma autêntica revolução viária na zona da Guarda-Gare, que incluía a construção da tão desejada variante da Sequeira. Na Covilhã, a justiça absolvia Vítor Pereira e Santos Silva dos crimes de que estavam acusados e por Trancoso um empresário avançava com o investimento de 1,5 milhões euros na recuperação da “Vila Cruz”, uma emblemática propriedade da cidade. A falta de entendimento na Junta de Freguesia do Marmeleiro levou mesmo à queda do órgão e à marcação de novas eleições.

Agosto
A aviso de Álvaro Amaro cumpria-se e as obras da piscina fluvial na barragem do Caldeirão foram suspensas. Num ano em que a presidência do IPG iria sofrer alterações, era conhecido em agosto o primeiro candidato: Gonçalo Poeta Fernandes. A comemorar oito anos, o Museu do Côa ultrapassava a marca dos 200 mil visitantes e o Governo autorizava a contratação de 32 novos médicos para a região, num mês em que falhou a concessão do terminal rodoferroviário da Guarda por exclusão do único candidato. O Centro Hospitalar da Cova da Beira, na Covilhã, ganhava reconhecimento com Centro Universitário. Com o calor a apertar, em Figueira de Castelo Regrido as esplanadas no centro geravam polémica e controvérsia política com o presidente da Assembleia Municipal a escrever uma carta contra a posição da Câmara nesta matéria. A Adega de Pinhel continuava a dar que falar com um novo vinho rosé: o Synfonia. Num mês de estio, O INTERIOR fazia primeira página com o encerramento das estações dos CTT em Fornos de Algodres e Manteigas, mas mais encerramentos viriam mais tarde. Já os vinhos da Beira Interior estiveram em destaque nos prémios “Vinduero-Vindouro”, com 24 distinções.

Setembro
O INTERIOR revelava que o guardense Manny Santos estava na corrida ao Congresso americano pelo Partido Republicano. E Vila Nova de Foz Côa era novamente candidata ao prémio de arquitetura Mies van der Rohe, desta vez através da Casa do Rio Hotel. À Covilhã chegava “luz verde” por parte do Tribunal de Contas para a requalificação do Teatro Municipal. Noticiámos também a acusação, pelo Ministério Público, da antiga diretora da Casa do Menino Jesus de nove crimes de maus tratos em autoria material e concurso real contra crianças e jovens que estão na instituição. Era conhecido o segundo candidato à sucessão de Constantino Rei, com Pedro Rodrigues a assumir a candidatura à presidência do IPG. A Câmara da Guarda anunciava a requalificação da zona da Capela do Mileu e o encerramento dos CTT de Fornos de Algodres e Manteigas gerava protestos. No final do mês soube-se que a empresa tencionava fechar balcões em 11 concelhos do distrito da Guarda. As más notícias continuavam e rebentava a “bomba” na Associação Comercial da Guarda. O INTERIOR noticiava que, sem dinheiro para pagar dívidas, a direção da ACG tencionava vender a sede para ter dinheiro para pagar dívidas.

Outubro
A ACG tinha a sede penhorada pelas Finanças e sem melhores dias também continuava a ULS, que, no início deste mês, era notícia pelas demissões apresentadas por três coordenadores de serviço contra a falta de meios de recursos humanos no Hospital Sousa Martins. Foi também notícia o caso da praxe violenta na UBI e o fecho dos CTT de Belmonte e Aguiar da Beira. Para travar os encerramentos a CIMBSE interpôs uma providência cautelar. Joaquim Brigas era o terceiro candidato conhecido à presidência do IPG, enquanto na ACG o cenário piorava com o chumbo da venda da sede e as contas contestadas na Assembleia-Geral extraordinária. Também com contas acima do limite estavam as autarquias de Fornos de Algodres, Fundão Celorico da Beira e Covilhã, segundo o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2017. O Fundão era também notícia pelo Prémio RegioStars 2018 atribuído ao Centro de Negócios. Sobre o Hospital da Guarda surgia o alerta por parte da Ordem dos Médicos: havia «vontade política» do Governo de encerrar o hospital. António Costa veio à Guarda assinar o contrato de benefícios fiscais para a nova fábrica da Coficab, numa altura em que o município aprovava o orçamento de 51,4 milhões para 2019, menos seis milhões que em 2018. À procura de um novo presidente, os dados sobre a colocação de alunos no último ano no IPG eram alarmantes. Mas nem tudo foram más notícias. Este mês o tribunal travou o encerramento do balcão dos CTT de Aguiar da Beira. E, na Covilhã, Pires Manso era nomeado Provedor do Munícipe, enquanto em Vila Nova de Foz Côa eram descobertas novas gravuras rupestres.

Novembro
Joaquim Brigas chegava à presidência do IPG e na Câmara da Mêda viviam-se dias difíceis com o chumbo do orçamento por parte da oposição – situação que ainda não está resolvida. O tema das portagens voltava às manchetes com o anúncio do aumento em por cento das tarifas na A23 e A25. De regresso estavam também os despedimentos à DURA Automotive, que mandou para casa 40 funcionários, e por resolver continuava a questão do terminal de mercadorias da Guarda, com a Infraestruturas de Portugal a não conseguir encontrar interessados para a gestão do espaço. O Governo lançou a empreitada de conclusão da A25, entre Vilar Formoso e a autoestada espanhola A62, mas população teme que obra tire passagem dos turistas pela vila. Trancoso, Mêda e Manteigas registavam o maior crescimento de turistas. O impasse permanecia na ACG, que ainda não aprovou os relatórios de contas de 2016 e 2017. Já a reabilitação do Hotel Turismo era considerada pela Câmara como projeto de interesse municipal, enquanto a Guarda era escolhida para receber a Cimeira Ibérica em 2019. Já no dia em que a cidade celebrava 817 anos, o ministro da Administração Interna anunciava que iria ser criado na Guarda um Centro Nacional de Educação Rodoviária.

Dezembro
O IPG fechava o ano com uma grande mudança, Joaquim Brigas era empossado presidente do Politécnico e a captação de mais alunos era anunciada como uma das prioridades do mandato. Em fase de mudança estava também a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior, com João Carvalho a passar o testemunho a Rodolfo Queirós na presidência. Na Covilhã, a autarquia anunciava o apoio de 332 mil euros para associações de teatro e música. No último mês de 2018 o município de Vila Nova de Foz Côa esteve em destaque por estar entre as 25 autarquias com melhor governação. Mas nem tudo eram boas notícias e ficou a saber-se que 2019 não iria trazer uma redução de impostos para os munícipes da Guarda. Já a Câmara da Covilhã contraía um empréstimo de 1,5 milhões de euros para fazer face a problemas de tesouraria, uma decisão que não agradou à oposição. Em dezembro O INTERIOR titulou ainda que estaria a chegar à região um investimento de uma fábrica de reatores que poderia vir a instalar-se no Fundão ou na Guarda. Eduardo Brito, ex-presidente da Câmara de Seia e atual vereador do executivo guardense, via o Tribunal da Relação de Coimbra confirmar a condenação pelo crime de prevaricação e o condutor que no início do ano atropelou mortalmente duas mulheres era condenado a três anos de prisão efetiva. Com o ano a chegar ao fim havia boas notícias para a Pousada da Juventude da Guarda. Encerrada há vários anos, será transformada numa residência de estudantes do IPG. Já a última Assembleia Municipal da Guarda do ano ficou marcada pelo voto de protesto aprovado por unanimidade contra a «suborçamentação» da ULS. O PSD já tinha alertado para a situação, mas o PS veio a terreiro garantir que o Governo irá aumentar em 2,4 por cento o orçamento da ULS da Guarda no próximo ano.

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