Sociedade

O “Chef Chez Toi” reinventou-se com a pandemia

Escrito por Jornal O INTERIOR

Guardense Miguel Veiga começou por ir cozinhar a casa das pessoas, mas o projeto adaptou-se ao “take away” vegan devido às restrições causadas pela Covid-19

O conceito do “Chef Chez Toi” já existe na Guarda há sensivelmente 13 anos, mas se a adesão já não era muito em tempos normais, com a pandemia ela deixou de existir.

O próprio nome do projeto indica a sua essência, «porque muita da cozinha tem influência francesa», adianta o guardense Miguel Veiga, criador da iniciativa, mas também porque, traduzido para português, significa “chefe em tua casa”. Ou seja, «a ideia é ir cozinhar a casa das pessoas. O chefe de 40 anos desloca-se, leva a comida já bastante orientada e só finaliza os pratos no local», esclarece o dinamizador do projeto. A ideia, que surgiu por volta de 2008, começou pelo fabrico de “seitan” – um substituto da carne – feito pelo próprio Miguel Veiga. «O que me incentivou a avançar foi não haver algo do género na Guarda», refere o cozinheiro, nomeadamente alternativas à proteína animal. Frequentou o curso de Arqueologia, mas acabou por profissionalizar-se em cozinha em Londres, tendo decidido apostar no “Chef Chez Toi” quando regressou a Portugal.

Porém, o projeto travou a fundo com a pandemia. «Neste momento estou a fazer “take away”, publicando a ementa semanal no Facebook. As pessoas encomendam e à segunda-feira a comida é entregue em casa», explica o chef. A ideia é a pessoa ter refeições já preparadas para a semana inteira, uma vez que alguns dos pratos podem ser congelados. Segundo Miguel Veiga, o “feedback” tem sido bom. «Começa a haver mais gente a querer experimentar alimentos que substituem a proteína animal e também pessoas com mais consciência do que é a indústria da carne, devido a toda a informação que tem sido divulgada. Mas continuo a achar que para investir num restaurante vegetariano, na Guarda, ainda não há mercado», acrescenta. Na sua opinião, já na cidade muita gente a optar por esse tipo de alimentação, mas não «o suficiente» para abrir um negócio. «Os próprios supermercados começam a ter maior oferta desse tipo de produtos vegetarianos», constata o guardense.

Apesar de haver uma especial preocupação com a personalização do serviço, Miguel Veiga não deixa de fazer algumas sugestões, «até porque gosto de trabalhar com a sazonalidade e com os produtos locais, incluindo alguns que eu planto na quinta da família». O chefe considera-se um «guardense de gema» e pretende continuar pela cidade, mesmo que o projeto não tenha o sucesso que ambiciona: «Sou resiliente e quero viver na zona da Guarda. Gosto de viver aqui na montanha, no interior», sublinha orgulhosamente. «Eu sei que se me mudasse para o litoral o meu projeto tinha o triplo da adesão, mas quero viver aqui», acrescenta. Com a pandemia, o conceito “Chef Chez Toi” teve de abrandar, o que permitiu a Miguel Veiga dedicar-se «a 100 por cento» ao projeto, pois não tem de conciliar a tarefa «com outros trabalhos que, às vezes, faço para terceiros».

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