Sociedade

Número de camas para estudantes continua insuficiente na Guarda e Covilhã

Escrito por Sofia Craveiro

Os números oficiais, divulgados pelo Governo, revelam que, na Guarda e na Covilhã, o número de camas a preços regulados mantém-se idêntico ao ano passado: 394 e 813, respetivamente. IPG e UBI alertam que não chegam para fazer face à procura, com a Universidade da Beira Interior a disponibilizar terrenos a privados para construção de apartamentos.

A Guarda não teve alterações no que respeita à oferta de alojamento a preços regulados para estudantes do ensino superior. Há 394 camas disponíveis para ocupar já a partir deste mês, durante o ano letivo 2019/2020. Este é exatamente o mesmo número do ano transato.
Joaquim Brigas, presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), afirma que «a procura é muito superior à oferta», pelo que não é suficiente o número de camas disponível para este ano. O responsável alega que «são precisas, não só residências universitárias, mas casas para aluguer», na Guarda e em Seia, «registadas em bases de dados que facilitem a vida dos alunos» e que permitam fazer face à afluência de estudantes nacionais e internacionais que ingressam no IPG. Questionado sobre o ponto de situação do processo de transformação do edifício da antiga Pousada da Juventude da Guarda em residência universitária, Joaquim Brigas é lacónico: «Não posso dizer nada sobre isso» neste momento.
Na Covilhã também não houve mudanças. Os alunos da Universidade da Beira Interior (UBI) têm um total de 813 camas para ocupar, o mesmo número registado no ano letivo transato. Apesar de estes serem os dados oficiais divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o vice-reitor da universidade, João Canavilhas, afirma que «temos este ano uma residência que irá sofrer obras, o que resultará em menos 50 camas disponíveis para utilização dos estudantes». O responsável acrescenta que o número total de camas disponíveis na Covilhã reflete «uma boa percentagem em relação ao panorama nacional, mas não é suficiente pois continua a existir lista de espera».

UBI coloca terreno a concurso para construção de apartamentos

Para fazer face à procura que se faz sentir na “cidade neve”, João Canavilhas adiantou a O INTERIOR que a UBI «irá colocar a concurso um terreno, para que seja explorado por privados», de forma a aumentar a oferta de alojamento direcionado a estudantes. Segundo o vice-reitor, «a ideia é criar apartamentos com custos controlados, que possam ser alugados aos alunos» da universidade. O terreno, localizado junto às instalações do UBI Medical, será colocado a concurso dentro de dois meses, de acordo com este responsável. O alojamento que será criado «não está integrado nos programas de Ação Social da universidade e será, logicamente, mais caro do que as residências – por se tratar de apartamentos e não de quartos partilhados –, mas ainda assim terá um custo abaixo do valor de mercado», explica João Canavilhas.
Este ano letivo há mais 600 camas, ao todo, no país. Os maiores aumentos verificam-se em Lisboa e Porto, que tiveram um acréscimo de 186 e 261 camas, respetivamente, dispondo agora de um total de 1.913 e 1.669 lugares para oferecer aos estudantes. De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, «estas novas camas refletem um aumento inédito na oferta do alojamento para estudantes a preços regulados, designadamente de 19 por cento no Porto e de 11 por cento em Lisboa». A região Centro ganhou 52 camas (distribuídas nas Pousadas da Juventude de Abrantes, Aveiro e Castelo Branco), num aumento de 4 por cento relativamente ao ano passado. Incluídas no Plano Nacional Para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) estão obras que irão permitir obter (na região Centro) mais 501 camas com início de obra em 2019 e 709 em 2020.
Segundo a tutela, «foram iniciados vários processos de obras de remodelação de imóveis públicos, estando desde já previsto serem iniciadas, ainda em 2019, várias empreitadas que permitirão disponibilizar mais 3.200 camas. Adicionalmente, em 2020, estão desde já previstas iniciarem-se outras obras orientadas para disponibilizar mais 4.700 camas», de acordo com o comunicado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. 

Sofia Craveiro

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