O médico guardense João Casanova está há um ano na Fundação Champalimaud a trabalhar no desenvolvimento da cirurgia robótica nalguns cancros ginecológicos e na cirurgia complexa do cancro do ovário.
O ginecologista oncológico regressou a Portugal após ter trabalhado dois anos no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova Iorque. «Este ano tem sido dedicado à atividade cirúrgica, tendo procurado introduzir e consolidar algumas técnicas que aprendi nos Estados Unidos», refere o especialista a O INTERIOR. João Casanova adianta que uma das áreas que está a ser desenvolvida na cirurgia do cancro do endométrio diz respeito à pesquisa do gânglio sentinela. «Basicamente esta técnica consiste em identificar, através da injeção de um corante especial, um determinado gânglio linfático pélvico (que é o “primeiro”, daí o nome sentinela) e removê-lo durante a cirurgia. Ao fazermos isto, procuramos evitar algumas complicações frequentes que resultam da remoção de todos os gânglios linfáticos pélvicos, sem comprometer o resultado oncológico», explica.
Por outro lado, este procedimento «é mais simples e fácil de realizar» por haver na Fundação Champalimaud uma plataforma de cirúrgica robótica, uma área de investigação que «interessa muito» ao clínico, pelo que a grande maioria destes procedimentos cirúrgicos robóticos são realizados em regime de ambulatório. O cancro do ovário é outra «área de interesse» de João Casanova, que tem na Fundação Champalimaud a possibilidade de trabalhar com equipas multidisciplinares. «Infelizmente este cancro é silencioso, e quando surge, geralmente é em estádios avançados. As cirurgias são geralmente muito complexas e extensas, o que obriga a que haja cirurgiões treinados nestes procedimentos e na Fundação temos essa capacidade técnica». O ginecologista oncológico garante que o potencial para investigação clínica, mas também de ciência básica, «é imenso nestas áreas e na Fundação Champalimaud temos todas as condições para isso». Por isso, não está arrependido de ter voltado para Portugal. Além do motivo familiar, João Casanova adianta que também foi encarregue pelos seus mentores nos Estados Unidos de «disseminar e trazer para o meu país tudo o que por lá aprendi». Por último, o médico garante ter encontrado na Fundação Champalimaud «o lugar ideal» para trabalhar. «Tem um potencial humano, técnico e científico extraordinário, tem um prestígio que ultrapassou há muito as fronteiras de Portugal e da Europa, e vejo-me, espero eu, a ficar por aqui muitos e bons anos», espera.