Sociedade

Maria Budna, a professora de inglês vinda da Ucrânia

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Escrito por Efigénia Marques

Atualmente residem no concelho da Guarda cerca de 40 refugiados ucranianos

A guerra na Ucrânia começou há mais de um ano. A 24 de fevereiro de 2022, Vladimir Putin anunciava o início de uma «operação militar especial» no país vizinho. Os ucranianos acordaram em guerra e muitos tiveram de fugir, esse foi um dos primeiros impactos deste conflito: desde esse dia mais de 18 milhões de ucranianos deixaram o país.
O destino dos refugiados ­– maioritariamente mulheres e crianças – foram os países europeus. De acordo com dados disponibilizados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Portugal concedeu, desde o início da guerra, mais de 58 mil proteções temporárias a cidadãos ucranianos e a estrangeiros que residiam na Ucrânia. Na cidade da Guarda, o município recebeu inicialmente cerca de 170 refugiados. «No âmbito desse acolhimento, foi feita a integração no que respeita a trabalho, habitação e ensino de vários agregados familiares que decidiram permanecer na Guarda», revela a autarquia em informação enviada a O INTERIOR. Atualmente residem no concelho «cerca de 40 pessoas e mais seis em concelhos vizinhos». Maria Budna é uma das refugiadas ucranianas que se mantém pela “cidade mais alta”.
Vinda de Lviv com a filha de 17 anos, Maria Budna é professora de inglês no Colégio de Línguas, profissão que conseguiu manter num país que não é o de origem. «A minha adaptação na Guarda foi bastante fácil, pois tive a sorte de conhecer pessoas amáveis que me ajudaram», começa por dizer em declarações a O INTERIOR. A docente decidiu mudar-se logo no início da guerra «para um lugar mais seguro» com a filha. «No entanto, pensei que não iria ficar aqui durante tanto tempo», confessa. Maria Budna não esquece a solidariedade dos guardenses num momento de grande dificuldade, nomeadamente da autarquia, dos voluntários e dos responsáveis pelo Colégio de Línguas: «O Ivo e a Catarina são pessoas maravilhosas e estou feliz por fazer parte da equipa. Penso que fazemos um trabalho espantoso», considera, acrescentando que tem «agora tantos bons amigos na Guarda».
Quanto à Guerra na Ucrânia, a professora de Inglês tem acompanhado a situação através das notícias porque «tenho lá família, os meus pais e o meu irmão». Porém, a ucraniana de 40 anos acredita que o país onde passou grande parte da vida pode sair vencedor deste conflito. «Tenho a certeza que a nossa vitória é inevitável porque defendemos a nossa terra-mãe e não temos outra escolha senão lutar e vencer», afirma. E quando isso acontecer quer regressar à Ucrânia, «mas ainda não tenho a certeza quando será», lamenta Maria Budna, para quem a maior barreira em Portugal é a «linguística, no entanto, faço o meu melhor para aprender português».
Os refugiados que permanecem no concelho da Guarda «levam na atualidade uma vida completamente autónoma (desde 1 de julho de 2022, altura em que terminou o período de acolhimento pelo município), favorecida por habitação de baixo valor devido a um desconto de 25 por cento no preço das rendas, integrando os adultos o mercado de trabalho, as crianças e jovens o jardim de infância ou estabelecimentos de ensino de acordo com as respetivas idades», adianta a Câmara Municipal numa informação escrita.
A ONU estima que tenham morrido oito mil civis desde o dia 24 de fevereiro de 2022. Segundo o relatório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, foi em Donetsk que se confirmou o maior número de civis mortos e feridos (3.800 e 6.000, respetivamente), seguido de Kharkiv (924 mortos) e Kiev e arredores (955). Estima-se ainda que a reconstrução da Ucrânia possa custar entre 130 mil milhões e 950 mil milhões de euros.

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Efigénia Marques

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