Sociedade

Mais de 9.700 consultas adiadas na ULS Guarda devido à pandemia

Escrito por Jornal O INTERIOR

De março a 19 de outubro foram adiadas 9.726 consultas na Unidade Local de Saúde da Guarda, com destaque para a Medicina Interna, onde foram proteladas 1.369 consultas. No mesmo período registou-se uma diminuição de 62,5 por cento das cirurgias realizadas, uma quebra que não se deve apenas aos adiamentos impostos pela Covid-19.

A pandemia obrigou a saúde a abrir espaço para os doentes infetados com Covid-19, o que resultou no adiamento de milhares de consultas e cirurgias não urgentes em todo o país. Na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda foram adiadas, de 1 de março a 19 de outubro, um total de 9.726 consultas, segundo dados oficiais. Deste universo – e dentro do mesmo intervalo temporal – já foram remarcadas 1.078 consultas, ficando 8.648 por regularizar. A maior quebra foi registada na Medicina Interna, com 1.369 consultas adiadas.

No que respeita a cirurgias, 112 foram diretamente «canceladas devido à Covid-19» desde o início de março, estando 24 ainda por concretizar (até 19 de outubro), adianta a ULS a O INTERIOR. A especialidade mais afetada foi a cirurgia de ambulatório, onde foram desmarcadas 50 operações nos sete meses de pandemia. Entretanto já foram resolvidas ou reagendadas 42 nesta especialidade. Ainda a destacar a Ginecologia, área em que foram desmarcadas 27 cirurgias devido ao novo coronavírus, das quais 23 já estão regularizadas. Nos dados fornecidos pela ULS destacam-se também os adiamentos no ambulatório de Ortopedia (nove adiadas, oito regularizadas), ambulatório urologia (quatro adiadas, três regularizadas), ambulatório otorrinolaringologia (três adiadas, duas regularizadas).

Durante o mesmo período, cirurgia e dermatologia registaram apenas um adiamento cada, ambos já resolvidos, enquanto Otorrinolaringologia e Ortopedia adiaram quatro intervenções cada, mas enquanto no primeiro caso já foram reagendadas ou concretizadas três, no segundo não foi regularizada nenhuma. Pneumologia viu ser adiada uma cirurgia, que já foi concretizada. No Hospital Nª Sra. da Assunção, em Seia, foram adiadas sete cirurgias (três das quais já regularizadas), e uma – já resolvida – na Dermatologia.

Estes números traduzem-se num total de 24 cirurgias que continuaram em espera até ao passado dia 19, diretamente devido ao adiamento imposto pela Covid-19. Mas há outros fatores a considerar.
A reconfiguração dos serviços para dar resposta à pandemia levou não apenas a adiamentos, como impediu novas marcações. Assim, relativamente ao período homólogo do ano passado, a redução do número de cirurgias realizadas é bastante significativa: em 2019, entre 1 de março e 19 de outubro, foram realizadas 3.331 cirurgias. Este ano, no mesmo período, foram concretizadas “apenas” 1.248, uma queda de mais de dois milhares (62,5 por cento). «Para além dos episódios cancelados, como a agenda cirúrgica tem um horizonte temporal curto, as possibilidades de agendamento foram cortadas pelos constrangimentos causados pela resposta Covid à atividade normal programada. Ou seja, não foi possível, proceder ao agendamento regular da atividade cirúrgica programada a partir do início da pandemia», esclarece o Conselho de Administração da ULS.

Além disso, outras justificações pontuais contribuem para estes números, como a alteração do estado do doente, o facto de ser operado noutro hospital, o falecimento do paciente ou a própria recusa em comparecer. «As pessoas inibem-se de procurar cuidados. Tivemos uma quebra de cerca de 50 por cento no serviço de Urgência», exemplifica Catarina Meneses, diretora do Serviço de Estudos, Planeamento e Apoio à Gestão da ULS. «O diferencial existente decorre assim, de fatores múltiplos», sublinha a ULS, que destaca ainda «a necessária afetação da sala de recobro aos cuidados intensivos para prover o Hospital Sousa Martins da imprescindível capacidade de resposta de intensivos a doentes Covid que requeriam simultaneamente ventilação invasiva e isolamento profilático», acrescenta ainda a administração hospitalar. «Há um programa de retorno de atividade programada em curso, mas que decorre com contingências», devido à necessidade premente de continuar a dar resposta aos doentes infetados pelo novo coronavírus, diz ainda Catarina Meneses.

O INTERIOR também tentou, por várias vezes, obter estes dados relativamente ao Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB), mas não foi enviada qualquer informação em tempo útil.

Sobre o autor

Jornal O INTERIOR

Leave a Reply