Sociedade

“Le‘Haim”! Brindar às Beiras e à cerveja kosher que lhe bebe do nome

Escrito por Sofia Craveiro

A religião judaica e o nicho de mercado a ela associado juntaram-se à vontade de promover a região da Beira Interior. Assim nasceu a Beirã, uma cerveja artesanal disponível em cinco variedades, uma delas com certificação kosher, e que já vende em todas as regiões do país.

Luís Morão é um empresário natural da Covilhã, com raízes familiares em Belmonte, e a residir na Guarda. Tem três negócios distintos, todos ligados à comercialização de produtos gastronómicos: a Portugal Gourmet, Cantinho Kosher (relacionado com a venda de alimentos kosher) e a Cerveja Beirã, que foi criada em outubro de 2018. A crença no judaísmo e as atividades profissionais a ela ligadas sempre estiveram presentes no seio familiar do empresário. «O meu pai era um membro ativo da comunidade judaica em Belmonte, tendo sido o presidente da primeira associação judaica da vila», recorda Luís Morão.
A religião e o nicho de mercado que lhe está associado estiveram na origem de uma cerveja que preenchesse todos os requisitos judaicos. «Vi uma necessidade de mercado e como já estava ligado à produção de produtos kosher achei que poderia completar a oferta com esta nova cerveja», adianta o empresário, que lançou a gama “Belmonte”. «O que difere é o acompanhamento feito pelo rabino de todo o processo de produção», refere, acrescentando que é essa vigilância que garante a certificação de produto kosher, que significa “permitido” ou “correto”, em hebraico. Trata-se de um documento que confirma que o produto alimentar obedece às normas estabelecidas pela religião judaica e é sinónimo de um rigoroso controlo de qualidade. «Este é um projeto que já desenvolvemos há cerca de dois anos. Tivemos de obter aprovação, de apurar a receita e estruturar o negócio e até agora está a correr muito bem», considera o promotor da marca Beirã, a primeira cerveja reconhecidamente kosher em Portugal.
Além da “Belmonte”, existem mais quatro variedades disponíveis. A cerveja Pilsener, de cor levemente dourada e com suave a aroma a lúpulo; a Dunkel, mais escura e caracterizada pelo aroma torrado; a Weiss, de matriz dourada e aspeto turvo, mas sabor intenso; e a Âmbar, com traços avermelhados, ligeiro sabor a melaço e mais amarga. «A ideia foi criar, dentro destes estilos, variedades mais suaves, feitas com dupla fermentação», declara Luís Morão. «Mesmo os clientes que não estejam habituados ao sabor característico da cerveja artesanal não estranham tanto», assegura. Ainda em fase de expansão, a cerveja Beirã tem desfrutado de boas críticas do público. «No geral, a reação que temos é de agradável surpresa por parte dos clientes. Embora possam estranhar um pouco de início, quase todos regressam para comprar mais», revela o empresário, que já vendeu cerca de 1.760 unidades desde que iniciou atividade, em outubro do ano passado.
«Embora tenhamos atravessado uma fase experimental, para perceber a reação do mercado, é um número que deriva de um crescimento contínuo, sem épocas de decréscimo nas vendas», revela Luís Morão, que, por enquanto, aposta nos estabelecimentos de bebidas e restauração. «No futuro gostaríamos também de chegar às grandes superfícies, com quem já estamos a tentar estabelecer contacto», adianta o responsável. Produzida em Coimbra, a Beirã possui vários pontos de venda pelo país, nomeadamente na Guarda. «Temos também alguns clientes no estrangeiro, sobretudo no Brasil, França e Israel», conta o empresário. O preço ronda os 3,50 euros por unidade, ou doze euros pelo pack de quatro cervejas. Há ainda uma garrafa de litro, vendida por 15 euros. Atualmente, por cada unidade vendida a marca irá doar cinco cêntimos a uma instituição de solidariedade social do município de Belmonte. Luís Morão vai também apostar num site de venda online para chegar a mais clientes.

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Sofia Craveiro

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