O novo presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) não ficou «nada surpreendido» com a sua eleição pelo Conselho Geral no passado dia 31. «O que aconteceu nos últimos anos é motivo de preocupação para muita gente na instituição e fora dela», justifica Joaquim Brigas, que promete fazer tudo para que o IPG seja «uma referência a nível nacional nalgumas áreas» do ensino superior.
Na semana passada, o antigo diretor da Escola Superior de Educação concorreu pela terceira vez à presidência e desta vez ganhou sem contestação. Só não foi eleito à primeira – onde obteve 16 votos, contra 12 de Gonçalo Poeta Fernandes e três de Pedro Rodrigues – porque a ausência do representante da Associação Comercial da Guarda levou o Conselho Geral a optar por uma segunda volta. Nessa nova votação os conselheiros desfizeram as dúvidas e confirmaram Joaquim Brigas como sucessor de Constantino Rei com 17 votos, mais três que o vice-presidente cessante e principal favorito deste escrutínio. «É a vitória da rutura com os últimos anos. Não vale a pena criticar ninguém porque o número de alunos não é nem de perto nem de longe o desejável e o número de cursos aprovados não honra ninguém, para não dizer que até nos envergonha, pois nem uma nova licenciatura foi criada», elenca o professor da atual Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD), que vai agora escolher os seus vice-presidentes.
Perante este cenário, Joaquim Brigas quer arregaçar mangas e trabalhar nas áreas em que o IPG «pode ter futuro e captar novos públicos», estando já em curso um levantamento desses domínios. «Só dessa forma conseguiremos atrair mais alunos e proporcionar um serviço para a Guarda e para a região que contribua para a imagem positiva e para o crescimento do Instituto», considera o presidente recém-eleito. O seu principal objetivo é inverter a tendência dos últimos anos e aumentar a atratividade da instituição porque «o IPG tem que ser o grande polo dinamizador do desenvolvimento da região no que se refere a formação superior», afirma. Joaquim Brigas discorda da eventual fusão com a UBI e prefere falar em «colaboração e articulação, séria e saudável», porque «uma instituição não deve tentar secar a outra quando tem sucesso em determinadas áreas». Para o novo presidente do IPG, Viseu será uma opção «muito mais atrativa», mas considera que é preciso «mais ambição» e fazer parcerias com instituições estrangeiras e de Lisboa, públicas e privadas, para «proporcionar na Guarda aquilo que necessitamos em termos de formação».
Joaquim Brigas disse ainda que espera ter «um bom relacionamento» com a Câmara da Guarda e as restantes do distrito, sublinhando que não ficou «minimamente melindrado» por Álvaro Amaro ter apoiado publicamente Gonçalo Poeta Fernandes. «É um político suficientemente experiente e conhecedor, pelo que não terá sido por acaso que o fez», acrescentou. Por sua vez, o presidente da Câmara da Guarda, que teve assento no Conselho Geral, felicitou o vencedor e assumiu que agora é «hora de trabalhar». O edil reiterou «o apoio e colaboração» da autarquia para «fazer com que o Politécnico seja cada vez mais afirmativo». O edil não esqueceu Constantino Rei, que deu «o melhor de si pelo IPG», e disse ter «a convicção» que o trabalho conjunto destes últimos cinco anos se vai «multiplicar no futuro». Quanto ao apoio a Gonçalo Poeta Fernandes, Álvaro Amaro esclareceu tê-lo feito a «título pessoal» e sem a intenção de «influenciar rigorosamente ninguém».
Pedro Rodrigues espera equipa «capaz de afrontar» problemas do IPG
O INTERIOR pediu um comentário aos outros dois candidatos, mas apenas Pedro Rodrigues acedeu comentar a eleição de Joaquim Brigas. «Espero, naturalmente, que o novo presidente do IPG constitua uma equipa dinâmica, capaz de afrontar os problemas que a nossa instituição enfrenta. Espero que seja capaz de desenvolver um conjunto de ações que permitam, no curto prazo, conduzir ao aumento do número de estudantes, quer pela via de novas formações que possam vir a ser propostas, quer pela dinamização da atual oferta formativa. Espero também que consiga melhorar a visibilidade do IPG no contexto das instituições de ensino superior», disse, num depoimento escrito. Também Constantino Rei, presidente cessante, não esteve disponível até há hora do fecho desta edição para falar desta eleição.