O Instituto Politécnico da Guarda – IPG participa num projeto europeu para prevenir os efeitos negativos da medicação – a iatrogenia medicamentosa – na população mais velha. Com financiamento europeu de 1,7 milhões de euros, o projeto irá identificar boas práticas utilizadas em Portugal, Espanha e França, analisar com os profissionais de saúde os potenciais riscos associados aos cuidados de saúde e, em seguida, elaborar recomendações para melhorar a qualidade de vida da população idosa e prevenir a sua perda de autonomia.
Este projeto é liderado pelo Centro Hospitalar Universitário de Toulouse, que em França conta também com o Centro Hospitalar Universitário de Limoges. Em Portugal, para além do Politécnico da Guarda, participa a Universidade de Aveiro. Em Espanha as instituições responsáveis são a Fundação Saúde Envelhecimento da Universidade Autónoma de Barcelona e o Instituto de Investigação Biomédica de Málaga.
A iniciativa tem em Portugal como parceiros associados a Associação Nacional de Farmácias, a Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos de Cuidados de Saúde Primários, a Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia – bem como as Unidades Locais de Saúde (ULS) da Guarda e da região de Aveiro.
“Este projeto para combater a iatrogenia medicamentosa tem quatro fases, todas articuladas com os profissionais de saúde das regiões de cada uma das instituições académicas envolvidas”, afirma Fátima Roque, investigadora do laboratório de Epidemiologia e Saúde Populacional da Escola Superior de Saúde da Guarda e coordenadora deste projeto no IPG. “A 1ª Fase arrancou em janeiro de 2024 e está a identificar boas práticas para evitar a iatrogenia, através de uma revisão da literatura e análise de ‘guidelines’ internacionais”. De seguida será aplicado um questionário a médicos, enfermeiros e farmacêuticos nas regiões onde o projeto está a ser desenvolvido, para que as boas práticas possam ser partilhadas entre os profissionais dos diferentes países.
“A otimização no uso de medicamentos em idosos é um grande desafio para os profissionais de saúde, uma vez que, durante o envelhecimento, ocorrem importantes modificações fisiológicas que os tornam mais propensos a reações adversas aos medicamentos, as quais podem conduzir ao agravamento das suas condições clínicas”, afirma Fátima Roque. Segundo a investigadora do IPG, “esse agravamento conduz por vezes ao aumento de hospitalizações e também a situações de dependência, com clara diminuição da qualidade de vida dos idosos”.
O que o projeto STOP-IATRO está a fazer é “desenvolver estratégias para otimizar a utilização de medicamentos e para diminuir a iatrogenia medicamentosa, de forma a prevenir a diminuição das capacidades intrínsecas que conduzem à perda de autonomia e à diminuição da qualidade de vida das populações mais velhas”, afirma a investigadora do Politécnico da Guarda.
“Depois de identificadas as boas práticas pelos promotores e parceiros do consórcio, assim como as necessidades de intervenção em situações onde for detetado um maior risco de iatrogenia, vão ser desenhadas ações inovadoras em cocriação com os profissionais de saúde, com vista à implementação de projetos piloto nas diferentes regiões”, afirma Fátima Roque.
“Reforçar a aposta em projetos europeus”, afirma Joaquim Brigas
“O IPG continua a apostar forte em projetos europeus, liderando alguns deles, como é o caso do ADT4Blue, com 3,1 milhões de euros para acelerar a economia azul, e o NEWAVES, na área dos média, com mais de 900 mil euros para promover competências digitais na população e combater a desinformação baseada nas ‘fake news’”, afirma Joaquim Brigas, presidente do Instituto Politécnico da Guarda.
“A promoção do envelhecimento saudável, de que este projeto de prevenção da iatrogenia medicamentosa faz parte, é outra área de forte aposta do IPG, que já é sede do Observatório Nacional do Envelhecimento na região Centro, para além de também acolher nas suas instalações o polo distrital da Guarda do Centro de Competências de Envelhecimento Ativo”.