Passados cinco anos, a Instinto – Associação Protetora de Animais da Covilhã, continua à espera do Centro de Recolha e Acolhimento Animal que venceu o Orçamento Participativo (OP) de 2015 do município.
O projeto de 60 mil euros incluía abrigos, uma zona de passeio e uma sala de tratamentos para os animais resgatados da zona da Covilhã, mas a associação animal não tem acesso a um espaço, que «visto de fora está concluído, porque não temos acesso ao interior e por isso aparentemente está concluído», afirma Lara Campos, responsável pela Instinto. Segundo o Protocolo de Promessa de Cedência de Terreno e Construção de Instalações de Apoio celebrado entre a autarquia e a associação, a que O INTERIOR teve acesso, diz que a «promessa protocolada deve ficar concretizada no período máximo de um ano», contudo, houve alterações, nomeadamente no valor estipulado inicialmente e na localização do centro. «Em 2016 reunimos com a Câmara que nos transmitiu que os 60 mil euros não seriam suficientes», recorda Lara Campos. Nesse ano voltou a vencer o OP com um projeto de esterilização de animais errantes no valor de 25 mil euros, dos quais 15 mil foram agregados aos 60 mil euros previstos inicialmente para o centro de acolhimento. O projeto estava então idealizado para um custo de 75 mil euros.
A primeira localização seria num terreno cedido pelo município no sítio dos Caldeirões, junto ao complexo desportivo, mas, como foi referido pela autarquia a O INTERIOR, já em 2018, houve alteração na localização devido a «um vasto conjunto de queixas de instituições e munícipes». A segunda localização do centro ficava então no parque industrial do Tortosendo, onde, em 2019, se iniciaram as obras e efetivamente o edifício existe e à espera de se tornar funcional. A Associação Protetora de Animais da Covilhã foi fundada há oito anos e o seu trabalho incide no resgate de animais que estejam perdidos, abandonados ou feridos e encontrar-lhes um lar para os acolher. «Estamos sempre dependentes de famílias de acolhimento, estamos sempre de coração nas mãos porque a qualquer momento essas famílias deixam de poder acolher os nossos animais», lamenta a presidente da Instinto. Em média têm «à sua responsabilidade 100 animais entre gatos e cães», ao que o futuro Centro de Recolha e Acolhimento Animal iria dar um maior alivio, mesmo que só seja destinado ao abrigo de cães.
Contactada por O INTERIOR, a Câmara da Covilhã garante que, apesar de todos os contratempos que têm surgido, «esta matéria tem sido tratada com a rapidez possível, dentro do estrito cumprimento dos procedimentos legais de contratação pública». Numa resposta escrita assinada por José Miguel Oliveira, vereador com o pelouro do associativismo, a autarquia assegura ainda que «a obra encontra-se concluída faltando apenas os arranjos exteriores, que ficarão finalizados no final deste ano, início do próximo, o mais tardar…». «Ficamos revoltados porque aquilo deveria ser nosso por direito, foi a população da Covilhã que quis que assim fosse, e o espaço está ali parado. E nós sempre nesta angústia e a pagar rios de dinheiro que muitas vezes não temos», protesta Lara Campos. Além das famílias de acolhimento, a instituição depende de voluntários, donativos de empresas e particulares, porque a componente financeira é essencial para manter o funcionamento da associação.