Sociedade

Incerteza de 2023 preocupa comerciantes da Guarda

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Escrito por Efigénia Marques

O INTERIOR falou com alguns proprietários de estabelecimentos comerciais da zona histórica da cidade que se dizem bastante receosos com o novo ano

Com o começo de um novo ano vêm também algumas mudanças. Com a inflação a subir em flecha e o aumento do preço de quase tudo o que é indispensável para os agregados familiares portugueses, como as contas do gás, da luz, combustível, alimentação e das rendas das casas, as famílias começam a ter o dinheiro contado e isso vai refletir-se no poder de compra. Os principais afetados são os proprietários com negócios abertos.
O INTERIOR falou com alguns dos comerciantes guardenses estabelecidos na zona histórica da cidade e as expetativas não são as melhores para 2023. «Vai ser um ano muito difícil. As pessoas estão muito retraídas, estão com medo, vêm as prestações novas do crédito, ninguém sabe muito bem para onde isto vai com as repercussões da guerra. E muito do que me falam é que deixam muito dinheiro no supermercado e depois não sobra para outros bens que não são essenciais», começa por dizer o sócio-gerente da loja de eletrodomésticos Oliva junto à Sé Catedral. Para , a perda de pessoas na cidade é também um problema para o negócio. «Como vê, tenho duas montras grandes, mas preciso de pessoas. As ruas estão vazias no centro da cidade, a Câmara Municipal terá de arranjar maneiras de trazer gente para o centro da cidade, como criar aqui serviços e condições para as pessoas estarem e habitarem dentro da cidade» sugere.
Um pouco mais abaixo numa loja de artigos para criança, a Kids & Teens, também é visível a incerteza que 2023 vai trazer. «Estão muitas lojas a fechar. Ontem veio aí uma senhora que comentou que a Guarda já tem pouco comércio e é normal, isto não está “famoso”, temos cada vez menos população», lamenta a comerciante. «Não podemos ter grandes expectativas porque não sabemos ainda o que vai acontecer. Segundo as notícias que a gente ouve todos os dias é que isto vai piorar. As pessoas já se começam a conter, só compram mesmo o que necessitam», acrescenta. Há mesmo quem pense fechar portas durante os próximos meses é o caso do proprietário da Sapataria/Chapelaria Guedes, ali ao lado, na Praça Velha. «O problema é não haver negócio, não há clientes. As lojas estão “às moscas”. No meu caso é possível que tenha de fechar a porta este ano. Estou aqui há 52 anos e não é fácil», refere o comerciante.
«Isto (2023) vai ser mau ao ponto de as pessoas quererem comprar e não há dinheiro. No meu caso as coisas duplicaram e o açúcar, por exemplo, quase triplicou e vende-se ao mesmo preço para tentar os clientes, mas não vejo grandes melhorias», revela a responsável das Farturas da Ana Paula, para quem a semana do Natal «até foi boa para o negócio». Junto à Igreja da Misericórdia há quem tenha uma visão mais otimista do ano que agora começou, apesar de os prognósticos não revelarem isso. «É viver o dia a dia. Estamos sempre a pensar em poupar, porque não sabemos o que aí vem. Mas acho que temos de viver o momento», diz a funcionária da PTN Store.

 

Carina Fernandes

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Efigénia Marques

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