Sociedade

Há quem diga que ser avô é ser pai duas vezes

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Escrito por Efigénia Marques

26 de julho é o Dia Nacional dos Avós e comemora-se em Portugal desde 2003. O INTERIOR foi ouvir alguns dele(a)s a propósito da efeméride e da sua relação com os netos

Na terça-feira celebra-se o Dia Nacional dos Avós, criado por decisão do Parlamento, após proposta da então deputada social-democrata Ana Manso, a 22 de maio de 2003. Quase duas décadas depois, a agora avó não tem dúvidas que a iniciativa valeu a pena.
«Foi uma proposta muito bonita e a que me encheu mais a alma», afirma a O INTERIOR a antiga parlamentar, adiantando que a ideia veio da relação que mantém com a família. «A minha avó materna, que, por acaso, também era Ana, representou sempre muito para mim e, por outro lado, sempre achei que fazia todo o sentido criar o dia dos avós. Nessa altura tive a sorte de partilhar a mesma ideia que uma avó de Penafiel, que há muitos anos lutava para que a efeméride fosse criada», recorda Ana Manso. Já a escolha do dia 26 de julho deve a uma razão simples: «É o dia de Santa Ana e São Joaquim, os avós de Jesus», justifica a ex-deputada, para quem o 26 de julho já é «um dia especial» entre os 365 dias do ano. «Todos temos avós e memórias deles, coisas que não queremos de maneira nenhuma perder, e essa data é uma boa altura para nos lembrarmos e comemorarmos os nossos avós», considera.
Ana Manso, que, entretanto, já é avó de uma menina de 4 anos, só tem lembranças «agradáveis» dos seus avós. «Eram sempre carinho, doçura, coisas boas. Em 2003, eu tinha as lembranças da minha avó e agora é a minha vez de ser avó, que é a melhor coisa do mundo», garante a administradora hospitalar na ULS da Guarda. E nem a pandemia afetou a relação com a neta: «Ela cresceu um pouco na pandemia, muito aconchegada a nós, e acho que um dos “bons” efeitos desse período foi ter aproximado mais as famílias, a partilha da amizade, dos sentimentos e dos valores», justifica, dizendo que se «sente bem» no papel de avó. «Sou muito presente e muito afetuosa, adoro a minha neta, mas não esqueço que também há alguns limites e exigências em termos de educação. No entanto, os avós são sobretudo para mimar», assume.
Ana Manso acrescenta que as brincadeiras entre avós e netos são «fundamentais» e que ser mãe e avó são papéis totalmente diferentes, mas complementares. «A mãe tem que educar, a avó tem que mimar e também ajudar a moldar uma personalidade, porque a criança está a crescer. E quem educa também não pode ser tão exigente que se esqueça de mimar». Um lema partilhado por Graça Morgado, outra avó da Guarda. Tem 56 anos e dois netos, de um e três anos, não sabe, por isso, o que é ser avó antes da pandemia. Já Maria Teresa Madeira, avó há 29 anos, afirma que a pandemia não afetou em nada a sua relação com as netas, já adultas. Uma opinião partilhada por António Fernandes Paulos, que confidenciou ter «uma relação de amigos» com a neta de 9 anos: «A pandemia alterou tudo, porque a miúda estava em casa, eu também estive sempre com ela e não tivemos problema nenhum. Mas o papel dos avós tem dois lados porque a brincadeira também faz parte da educação», defende.

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Joaquim Figueiredo é avô há 23 anos. Tem cinco netos, o mais velho com 23 anos e o mais novo com 7, e tem a mesma opinião que Maria Teresa Madeira. «Adoramo-los tanto e gostamos tanto deles, porque ajudámos a criar. E eles gostam também muito de nós. Portanto, mesmo na pandemia estávamos sempre em contacto uns com os outros e não havia problemas», recorda. Também as novas tecnologias não são um entrave ao relacionamento entre avós e netos. Graça Morgado salienta que quando estão os netos «é só brincadeira», enquanto Joaquim Figueiredo considera que «as tecnologias vieram a ajudar em muita coisa e estragar outras». O sentimento que todos estes avós partilham é que são pais duas vezes. Quem o diz é Graça Morgado: «Eu gostei muito de ser mãe, foi uma imensa alegria, mas ser avó é ser mãe duas vezes… Como se passam tantos anos sem bebés é diferente, é muito bom», sublinha. Maria Fernandes Madeira reforça: «Acho que nem tem igual. Os filhos já eram bem, mas as netas agora ainda são melhores. Até acho que é mais bonito ser avó do que mãe», arrisca. Por sua vez, Joaquim Figueiredo exemplifica que a relação é tão intensa que «enquanto os meus filhos me tratam por você, os meus netos é tu cá, tu lá».

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Efigénia Marques

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