Sociedade

Há 9.461 desempregados na Beira Interior

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Apesar de só ter passado um ano de pandemia, já é visível o impacto e as consequências que a Covid-19 trouxe para a economia do país e da região. Curiosamente, na Beira Interior o desemprego manteve-se relativamente estável.

Após um ano de pandemia em Portugal, o país começa agora a sofrer as consequências que a Covid-19 trouxe a nível social e económico. A região da Beira Interior não é exceção e também por cá o desemprego aumentou comparativamente a março de 2020.
No caso concreto do distrito da Guarda, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu e, em março, havia 4.035 pessoas inscritas. O Instituto de Emprego e Formação Profissional da Guarda, que abrange os concelhos do Sabugal, Manteigas, Celorico da Beira e Guarda, registava nesse mês (últimos dados disponíveis) 1.968 desempregados (Guarda – 1.346; Sabugal – 278; Manteigas – 112 e Celorico – 232). Em março de 2020 estavam inscritas 1.830 pessoas. Já Pinhel, o serviço que mais concelhos do distrito abarca, como Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Trancoso, Mêda e Pinhel, era aquele que menos pessoas desempregadas registava. Em março de 2020 havia 708 desempregados e em março deste ano eram 772 (Almeida – 157; Figueira – 199; Trancoso – 173; Mêda – 98; Pinhel – 145).
Na delegação de Seia, que serve os concelhos de Gouveia, Fornos de Algodres e Seia, o número de pessoas à procura de emprego no mês passado era de 1.295, mais 70 comparativamente há um ano. Seia tinha 704 desempregados, Gouveia 443 e Fornos de Algodres 148. De forma generalizada todos os concelhos do distrito da Guarda aumentaram o número de desempregados inscritos no IEFP, à exceção do concelho de Pinhel que foi o único que contrariou a tendência. Em 2020 esse município tinha 158 desempregados, enquanto que em março deste ano contabilizava 145. No distrito vizinho, mais concretamente nos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte e Castelo Branco, a tendência é também de aumento de desempregadas. A Covilhã é o concelho da Beira Interior com mais desempregados inscritos, com 1.827 pessoas sem emprego, seguindo-se Castelo Branco (1.571). Já no Fundão havia, em março, 875 desempregados e Belmonte tinha 334.
Segundo uma análise de José Pires Manso, professor na Universidade da Beira Interior, à evolução do desemprego na Beira Interior nos primeiros três meses deste ano, dos 9.461 desempregados registados 5.014 eram mulheres e 4.447 homens. «Por idades, 40 por cento (5.794) têm entre os 35-54 anos; 27 por cento (3.989) têm 55 ou mais anos; 21 por cento (2.993) têm entre 25-34 anos e os restantes 12 por cento (1.750) são jovens com menos de 25 anos». No que toca ao nível de escolaridade, 28 por cento dos desempregados (2.588) têm o ensino secundário, 21 por cento (1.931) o 3º ciclo, 16 por cento (1.532) têm o 1º ciclo, 13 por cento (1.264) têm ensino superior e os restantes oito por cento (495) têm menos que o 1º ciclo, adianta o coordenador do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da UBI numa análise enviada a O INTERIOR.
Nesse mesmo documento, baseado em dados divulgados pelo IEFP, verifica-se que «a maioria (5.245) dos desempregados são-no há menos de um ano, que há 8.540 que procuram novo emprego e 1.221 procuram o primeiro emprego». A nível nacional houve uma subida de 25,9 por cento de pessoas inscritas no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Segundo dados do IEFP, em março de 2020 havia 343.761 desempregados em Portugal. Já em março deste ano (últimos dados disponíveis) existiam 432.851 pessoas sem emprego. Em 2020 as atividades que mais desemprego registaram foi Indústria metalúrgica de base e fabrico produtos metálicos; Alojamento, restauração e similares e Indústrias extrativas. Já em março de 2021 foram Alojamento, restauração e similares; Transportes e armazenagem e Indústria do couro e dos produtos do couro.

Pedreira de Pinhel com falta de mão de obra

O concelho de Pinhel foi o único do distrito da Guarda que não aumentou o número de desempregados. Mas apesar disso as pedreiras da região têm dificuldades em arranjar trabalhadores.
«Nós temos as candidaturas abertas no IEFP, mas temos muita dificuldade em conseguir pessoas que queiram vir trabalhar para esta atividade», afirma Cláudia Ferreira, da pedreira Brás & Ferreira, situada na Malta. O facto de ser um trabalho «duro» será o principal impeditivo para que os candidatos se mantenham e queiram aceitar o emprego. «Estamos num ano em que existem muitas obras públicas e chegamos a ter dificuldades em cumprir prazos por falta de mão de obra», exemplifica a responsável. «Já estamos num ponto em que aceitamos pessoas sem qualquer experiência, damos nós a formação e mesmo assim pouco tempo se aguentam cá», lamenta.
Cláudia Ferreira acrescenta que as pessoas não têm noção de que esta atividade «se modernizou muito. Há uns tempos era tudo feito à mão, literalmente com picaretas, mas hoje em dia já há máquinas para fazer muita coisa». Pinhel é um concelho de pedreiras, mas nem assim existe mão de obra qualificada suficiente para satisfazer as necessidades. Além de haver uma população maioritariamente idosa, os jovens que não prosseguiram estudos estão essencialmente «à procura do primeiro emprego e passado uns tempos seguem por outras áreas», refere Cláudia Ferreira. A empresa iniciou a atividade com cerca de 40 funcionários e atualmente tem apenas 15, o que faz prever um «futuro pouco animador para a profissão de pedreiro», lamenta a responsável.

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