Sociedade

Guardenses fazem roupas para crianças da Guiné-Bissau

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Escrito por Efigénia Marques

Em mais de um ano, a Academia Sénior da Guarda já enviou quase 300 peças de roupa

Em menos de dez dias, as crianças de Guiné-Bissau vão receber roupas feitas por membros da Academia Sénior da Guarda com tecidos reaproveitados.
Criada em 2004, a Academia reúne atividades destinadas principalmente a cidadãos reformados da Guarda. Há aulas de yoga, música, literatura, línguas, pintura, teatro, costura e muito mais. Atualmente tem cerca de 100 alunos e é gerida pela Associação de Professores Aposentados do Distrito da Guarda, que existe há cerca de 28 anos e tem como objetivo ajudar pessoas, contribuir para causas e criar alguma ocupação aos seus membros. Ao longo do ano, a Academia Sénior desenvolve atividades sociais e culturais, como um ciclo de conferências na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, concertos solidários no TMG, exposições no centro comercial La Vie, entre outras.
Na turma de costura participam cerca de nove pessoas. Margarida Cardoso, presidente da direção da Associação de Professores Aposentados da Guarda e da Academia Sénior, explica que «estamos atentos ao que se passa à nossa volta e, quando há uma causa que nos parece importante, procuramos fazer alguma coisa para ajudar». E assim foi quanto ao projeto “Costura Solidária”. A responsável adianta que «há pessoas que sabem costurar e temos preocupação com a sustentabilidade», já que todas as roupas são feitas com «produtos reutilizados: camisas e vestidos que não são usados, mas são transformados em peças giríssimas».
A presidente da Academia Sénior reforça que as “costureiras” são «umas artistas» e garante que «se amanhã houver outra causa que precise de ajuda, os membros da Academia Sénior vão organizar-se para contribuir e ajudar». Inicialmente, a turma de costura fazia «lençóis para crianças», mas Filomena Cabral, responsável pelo projeto “Costura Solidária”, recorda a O INTERIOR que «era tudo muito limitado» e revela que, «como a minha sobrinha é voluntária numa ONG na Guiné-Bissau, começámos a fazer vestidos e calções porque sabíamos que a roupa ia chegar ao destino». Essa é a tarefa de Daniela Pereira, terapeuta ocupacional e voluntária na ONG espanhola AIDA – Associação Ajuda, Intercâmbio e Desenvolvimento, que cuida de crianças com epilepsia na Guiné-Bissau, e é ela que faz o transporte das roupas de Portugal à Guiné.
Há mais de um ano que, às sextas-feiras à tarde, as nove costureiras da Academia Sénior da Guarda trabalham na “Costura Solidária”. Segundo Filomena Cabral, já foram enviados 219 vestidos, 55 calções e 15 túnicas desde a primeira remessa de donativos, a 6 de janeiro de 2022. Sempre que é enviada roupa para a associação AIDA, a guardense Daniela Pereira devolve fotografias das crianças guineenses com as roupas confecionadas na cidade mais alta. Para as costureiras, «é uma sensação incrível e as mães destas crianças agradecem imenso. A Guiné é um país muito pobre». As peças de roupa (vestidos, túnicas e calções) são feitos com tecidos velhos – que a Academia Sénior recebe em forma de donativos. Filomena Cabral adianta que «não compramos nada», entre «bocadinhos de tecidos, fitas, elásticos… tudo é aproveitado», como o lençol que foi dado e com o qual fizeram «uma série de vestidos».
O INTERIOR falou com as várias costureiras do projeto e todas concordam que «vamos ser úteis aos que mais precisam». «O voluntariado foi o que me trouxe para este projeto. Não sou perita em costura, mas faço-o com prazer e sinto alegria quando vejo o sorriso daquelas crianças», confessa uma delas. O espírito de «solidariedade» é valorizado por todas as envolvidas na iniciativa e outra das costureiras até desconfia que, «provavelmente, aquelas crianças nunca teriam um vestido tão lindo se não fôssemos nós a fazer». As alunas da turma de costura da Academia Sénior são amigas e costureiras amadoras e lembram que «inicialmente era um atelier onde as pessoas vinham aprender a costurar e concluímos que tínhamos de ter um objetivo mais específico e produzir para quem precisasse». E esta é uma «ótima forma de nos ocuparmos e satisfazer um dos objetivos da associação – a solidariedade». Há quem fique «babada» a ver as peças finais e com alguma pena por «não ter uma netinha a quem vestir estes vestidos».
A próxima remessa de roupa vai chegar à associação AIDA, na Guiné-Bissau, no próximo dia 17, no mesmo dia em que a guardense Daniela Pereira sai de Portugal.

Sofia Pereira 

Sobre o autor

Efigénia Marques

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