Sociedade

Governo formaliza apoios do Estado à Coficab

Nova unidade da multinacional de cablagens irá ficar localizada na plataforma logística da Guarda para escrever o futuro da indústria automóvel

António Costa veio à Guarda, na passada terça-feira, para a assinatura do contrato de incentivos fiscais concedidos à Coficab. A sessão decorreu na fábrica de Vale de Estrela, mas os apoios destinam-se à nova unidade fabril que a multinacional vai construir na plataforma logística da Guarda e cujas obras já arrancaram ontem.
A ECAD será uma fábrica que se vai dedicar ao desenvolvimento de cabos de dados e de alta voltagem para automóveis com a tecnologia 4.0 e resultará de um investimento de 38 milhões de euros. Segundo o diretor-geral da multinacional na cidade mais alta, João Cardoso, a nova unidade irá criar «uma importante quantidade de postos de trabalho», sendo 129 novos empregos numa primeira fase, mas até 2020 podem chegar aos 200. Este apoio do Governo surge na sequência da decisão do Conselho de Ministros de quinta-feira, em que foi decidido conceder um crédito fiscal de 20 por cento no IRC e isentar a Coficab do imposto de selo até 5,7 milhões de euros. Uma medida que prova que «o interior não é um fardo, não é um problema», afirmou o primeiro-ministro no seu discurso. Esta é uma região que «está por explorar» e António Costa quer fazer aquilo que considera ainda não ter sido feito e pretende agora «agarrar a oportunidade de fazer». Na sua opinião, este será o caminho para que o interior venha a ter «tanto crescimento como aquele que temos no litoral», o que irá «duplicar» a capacidade de crescimento do país, afirmou.
Ciente da importância da «valorização do interior» António Costa considerou que esta sessão tem ainda outro dignificado, o da «internacionalização da economia», sublinhando que a Coficab é um exemplo de «dupla internacionalizarão», pois não só capta investimento estrangeiro, como exporta a sua produção. Foi em 1993 que a Coficab chegou à Guarda e desde então que «a cidade é muito especial para nós», afirmou Hichem Elloumi, CEO da Coficab, também presente na sessão. Os números falam por si e a unidade sediada em Vale de Estrela tem sido a que mais lucro tem dado ao grupo multinacional. É por isso que Hichem Elloumi não hesita em afirmar que o «futuro» do mundo da tecnologia automóvel «é escrito na Guarda». Uma característica também observada pelo ministro da Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, que em visita à fábrica confirmou ser «altamente inovadora», considerando ser «extraordinário» que se situe na Guarda, «onde muitas vezes se diz que não há oportunidades», mas o governante está convencido de que «o caminho é possível».
Um caminho que, «por mais voltas que sejam dadas», o presidente da Câmara da Guarda admite que só haja uma forma de ser trilhado, «pela via do emprego». Para Álvaro Amaro, só assim será possível «estimular as pessoas a ficarem no interior».

António Costa recebido em protestos pela Fenprof

Um grupo de professores do distrito da Guarda, liderado pela Fenprof, concentrou-se à entrada da Coficab e recebeu António Costa com palavras de ordem que exigiam a contagem total do tempo de serviço dos decentes. Segundo o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, também presente no protesto, «não haverá tréguas» para o Governo enquanto não forem repostos os «quatro anos, nove meses e dois dias que os professores trabalharam».

Sobre o autor

Ana Eugénia Inácio

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