Sociedade

Governo descarta fecho de maternidades

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Escrito por Efigénia Marques

Cinco meses depois da comissão de peritos propor o encerramento dos blocos de partos da Guarda e Castelo Branco, ministro da Saúde diz que compete ao Estado fazer tudo o que for possível para manter a funcionar as maternidades do interior

Tudo vai ficar como está no mapa das maternidades da região. Depois do alarme criado em outubro com a proposta de encerramento das Urgências Obstétricas e dos blocos de partos da Guarda e Castelo Branco, mantendo-se apenas a funcionar os serviços da Covilhã, o ministro da Saúde veio assegurar que nenhuma maternidade em Portugal será encerrada, nem mesmo as do interior, que vivem situações mais difíceis devido à carência de médicos.
«Nós não vamos encerrar nenhuma maternidade. Temos uma situação que não escondo e que é muito difícil. Envolve algumas maternidades, nomeadamente nas zonas do interior do país, com uma grande rarefação de profissionais. Mas essas são mesmo zonas onde temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para manter as maternidades em funcionamento, porque as pessoas podem ser menos numerosas, mas são portugueses como os outros, têm direito ao Serviço Nacional de Saúde e são sítios onde a distância a percorrer é maior», declarou Manuel Pizarro no sábado, no Porto, à margem da cerimónia que assinalou o Dia Mundial do Cancro no Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
Mas há mais argumentos para afastar o cenário de encerramentos. «Nalguns casos deixaria as mães demasiado longe da maternidade mais próxima. Isso seria um problema. Noutro caso, isso conduziria ao encerramento de maternidades onde está a ser feita a formação de jovens especialistas. Ora isso é mesmo o contrário do que nós queremos», acrescentou o governante, reiterando que Portugal tem necessidade de mais especialistas de ginecologia e obstetrícia. De resto, o titular da pasta da Saúde não descarta a possibilidade de repetir, sempre que possível, o sistema de rotatividade das Urgências Obstétricas e dos blocos de partos, pois «tem provado funcionar bem, isto é, temos garantido qualidade e segurança às mães e às crianças que nascem e temos garantido previsibilidade e tranquilidade às populações».
Manuel Pizarro acrescentou que este modelo está «a ser trabalhado pela direção executiva do SNS e a primeira avaliação foi feita em relação aos dois fins de semana do Natal e do Ano Novo, que são sempre os mais difíceis do ponto de vista dos recursos humanos, onde as coisas correram muitíssimo bem. Nasceram 849 crianças nas maternidades do SNS [Sistema Nacional de Saúde] e com total segurança e tranquilidade». No entanto, «se houver alguma coisa a corrigir vai corrigir-se», sublinhou o ministro. Em outubro soube-se que a urgência obstétrica e o bloco de partos da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, bem como de Castelo Branco, estavam referenciados para fechar, ficando apenas a funcionar na Covilhã. A proposta era do grupo de peritos convidado pelo Governo para estudar a reorganização e concentração destes serviços em Portugal devido à falta de especialistas.
Cinco meses depois tudo volta a ficar como estava na Beira Interior, que tem três maternidades a funcionar e onde nasceram 1.374 bebés em 2022: 515 na Covilhã (+34), 485 na Guarda (+11) e 374 em Castelo Branco (+57).

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Efigénia Marques

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