Sociedade

Fragmento de rocha gravada com mais de 16 mil anos descoberto no Vale do Côa

Côa
Escrito por Efigénia Marques

Peça com várias incisões está a intrigar especialistas por ter sido encontrada no sítio do Fariseu

Os arqueólogos descobriram um novo fragmento de rocha, gravada com uma técnica diferente da chamada “Arte Do Côa”, que poderá ter cerca de 16 mil anos.
«É mais um exemplo de que há muito para descobrir no Vale do Côa. Este novo fragmento de rocha foi descoberto numa camada já oficialmente datada de há 16 mil anos e poderá pertencer a um painel que foi descoberto há cerca de um ano e representa uma cerva», adianta o diretor científico da Fundação Côa Parque, Thierry Aubry em declarações à agência Lusa. Foram realizados testes de datação por “luminescência” num laboratório da Dinamarca, aquando do achado inicial, no ano passado, que permitem afirmar que esta gravura por incisão tem mais de 16 mil anos. O novo fragmento foi encontrado no início deste mês no sítio do Fariseu, em pelo Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) e está a intrigar os investigadores.
«Começamos a ter as peças de um “puzzle” que vão pouco a pouco aparecendo. Não se trata de arte móvel, mas sim de uma parte de uma parede que se desmoronou. Ainda estamos a escavar nesta camada e estamos à espera de encontrar outras partes para reconstituir este conjunto onde está representada uma cerva feita por incisão, e não por picotagem», referiu o também arqueólogo. Esta peça apresenta várias incisões que estão, na opinião de Thierry Aubry, «incompletas». «Torna-se fascinante descobrir pouco a pouco e cada ano um pedacinho deste “puzzle” que tem mais de 16 mil anos», considerou o responsável. As escavações junto à chamada “rocha 09” do Fariseu decorreram em maio de 2021 e resultaram na descoberta de 25 fragmentos de rocha com técnicas diferentes de gravação (picotagem e incisão).
«As duas primeiras peças de xisto que representam a cerva, e que foram encontradas no mesmo nível estratigráfico desta nova descoberta, despertam a curiosidade da comunidade científica e estão expostas em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Popular, integradas na exposição “Arte Sem Limite”», lembra o diretor científico da Côa Parque. Na sua opinião, esta nova peça «deve fazer parte da mesma rocha e do mesmo fragmento do painel que foi destruído. Estas descobertas feitas em contexto de datação são muito pouco frequentes, e temos a certeza que a Arte do Côa ainda tem muito para dar». As gravuras rupestres do Vale do Côa estão classificadas como Monumento Nacional desde 1997 e como Património da Humanidade, pela UNESCO, no ano seguinte.

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply