Sociedade

Falta de resposta nos serviços municipais marca reunião de Câmara da Guarda

Cmg
Escrito por Efigénia Marques

Criação da Agenda 2040, requalificação dos acessos ao terminal rodoferroviário e a participação no estudo do potencial hídrico do Parque Natural da Serra da Estrela outros assuntos em destaque na última reunião de fevereiro

A falta de resposta ou o atraso dos serviços municipais da Guarda em decidir foi um dos temas que marcou a última reunião camarária, que decorreu na passada quarta-feira. Sendo a última do mês de fevereiro, a sessão foi aberta ao público e foi Baltazar Lopes, presidente da Associação de Eventos de Aldeia Viçosa, quem abordou o problema.
Logo depois, no período de antes da ordem do dia, Carlos Chaves Monteiro (PSD) também questionou o presidente da Câmara sobre a falta de resposta ao pedido de ajuda de um dos clubes da cidade, o Guarda Desportiva, para cedência de transporte, que não foi atendido. Além da ausência de resposta, o vereador social-democrata considerou que não existe «equidade no tratamento» das associações do concelho. «Há duas ou três situações que já nos foram referenciadas de dois pesos e duas medidas. Porque é que há associações que beneficiam de apoios extraordinários e outras onde as necessidades básicas para o desempenho da sua atividade desportiva não são minimamente respondidas (…)? Espero que não estejamos a falar de uma discriminação por parte deste executivo em tratar diferente aquilo que é igual e, portanto, merece uma resposta também igual», argumentou o antigo presidente guardense. E com esta intervenção os vereadores eleitos pelo PSD exigiram «respeito, espírito democrático e respostas atempadas àquilo que são necessidades concretas destas associações».
Também Luís Couto, vereador do PS, considerou que «começa a ser desagradável ouvir as associações queixarem-se de que não são recebidas pelo executivo, nem recebem respostas às perguntas que fazem à Câmara». O socialista acrescentou que, além das duas situações retratadas na reunião, «temos ouvido, em conversa pessoal, outras associações que se queixam do mesmo e, portanto, achamos que o executivo tem que afinar a máquina de avaliação das situações que lhe são colocadas. Há tempo para tudo e, portanto, mais do que esse tempo é tempo a mais», criticou. O presidente da Câmara da Guarda não respondeu aos vereadores da oposição durante a reunião, mas no final, em declarações aos jornalistas, garantiu que «os serviços municipais funcionam bem» e com os critérios «de sempre». «Os serviços municipais e os serviços técnicos respondem em razão da matéria com uma única prioridade: é a ordem de entrada e função da disponibilidade que os técnicos têm para responder», afirmou.
Contudo, Sérgio Costa admitiu que nas últimas semanas possa ter havido alguns atrasos devido à ocupação dos técnicos na preparação do Carnaval, porém a situação será regularizada. Quanto à falta de cedência de transporte ao Guarda Desportiva, o autarca revelou que nesse fim de semana não havia autocarros «para nenhum clube» porque «o que está nas normas é que quando o município necessita dos seus transportes para suas atividades, como foi o Carnaval, não os tem para outros fins». De resto, assegurou que os pedidos das associações e clubes do concelho são «todos tratados com a máxima equidade, a máxima lisura e a máxima transparência».

Municípios vão avaliar recursos hídricos do Parque Natural da Serra da Estrela

Os seis municípios que integram o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) vão elaborar um plano de avaliação dos recursos hídricos daquela área protegida para perceber o seu potencial. O projeto é liderado pela Guarda.
Para o presidente da autarquia, «é muito importante» para a atual geração e para as vindouras que possa existir «um documento orientador sobre o verdadeiro potencial hídrico» da Serra da Estrela, para que sejam evitadas situações relacionadas com a falta de água nas barragens da região. O documento vai ser elaborado «sem tabus», garantiu Sérgio Costa. A proposta de estabelecimento de parcerias para a execução dos estudos relativos ao Plano de Avaliação dos Recursos Hídricos do Parque Natural da Serra da Estrela foi aprovada por unanimidade.
Nesta sessão foi também aprovada a criação de um Conselho Municipal do Desporto e do Conselho Municipal da Cultura, bem como os respetivos regulamentos. O executivo decidiu ainda agregar os regulamentos já existentes no que toca aos apoios atribuídos às associações do concelho. «O que queremos é revisitar estes regulamentos, até porque existem associações que podem ser apoiadas nas três valências, culturais, desportivas ou juvenis. E pretendemos congregar tudo no mesmo regulamento para que seja tudo analisado da mesma forma e com os mesmos critérios», justificou o presidente do município.

«Estamos a fazer a nossa parte, o Estado que cumpra o seu compromisso»

Na passada quarta-feira o executivo guardense aprovou por unanimidade a primeira fase da requalificação dos acessos ao terminal rodoferroviário da Guarda, nomeadamente nas artérias dos bairros limítrofes da Sequeira e de Nossa Senhora de Fátima.
«Estamos a falar na requalificação de uma pequena parte da Rua da Treija, na Sequeira, e daquela ligação pela rua dos caminhos de ferro, da rua do Rosmaninhal ao Bairro Nossa Senhora de Fátima. Esta rua em concreto deve ser a mais maltratada da cidade», considerou o autarca em declarações aos jornalistas. Este processo já se arrasta desde 2018, ano em que a Infraestruturas de Portugal lançou o primeiro concurso público para concessão do terminal, que dará lugar ao Porto Seco. Entretanto o Governo já atribuiu a gestão do terminal rodoferroviário à Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL).
Após a abertura do procedimento, o edil pede ao Governo que cumpra as promessas feitas há mais de quatro anos. «Nós estamos a fazer a nossa parte, o Estado que cumpra o compromisso que nos fez nesta sala», disse Sérgio Costa, referindo que «se não tivéssemos decidido não fazer a Feira Ibérica de Turismo não podíamos fazer estas obras». O autarca independente assumiu a ambição de prosseguir esta requalificação urbana: «Estamos a preparar também os projetos para a Avenida São Miguel, que não poderá ser requalificada toda ao mesmo tempo. É impossível do ponto de vista financeiro e técnico», declarou, adiantando que «queremos ter uma aposta forte na requalificação urbana da nossa cidade e dos nossos bairros». Entretanto, foi também aprovada a requalificação de alguns arruamentos do Bairro do Torrão, que rondará os 300 mil euros.

Casal de Cinza vai deixar de ter pelado

O executivo também aprovou a construção de um novo campo sintético em Casal de Cinza. A aposta no desporto do concelho «estava prevista no nosso programa eleitoral» e, para Sérgio Costa, o clube daquela freguesia «tem uma dinâmica desportiva muito importante e conhecido de todos», pelo que a Câmara quer dar-lhe «mais condições para a prática desportiva, assumindo, tal como fizemos em Vila Cortês do Mondego, depois da obra feita, a gestão do campo».
Este investimento foi também justificado com «a necessidade de oferecer mais área de jogo» aos clubes porque, «manifestamente, aquilo que temos neste momento já está a ficar cada vez mais sobrecarregado, seja no Estádio Municipal, seja no Zambito, seja em Vila Cortês». Para Luís Couto, com esta decisão, «a partir de agora, todos os clubes que tenham atividade possam perfeitamente pedir um protocolo à Câmara para a recuperação dos equipamentos, ampliação ou melhoria». Porém, trata-se de um investimento «grande e a longo prazo, porque há gastos todos os meses enquanto o clube estiver em atividade», argumentou o socialista.

Guarda vai criar Agenda Estratégica 2040

Sérgio Costa anunciou que a Câmara da Guarda vai criar uma Agenda Estratégica 2040, «criando as condições para melhor definir a orientação clara do que pretendemos que seja concretizado nos próximos anos na cidade e no concelho».
«Esta Agenda 2040 podia ser elaborada por qualquer empresa contratada para o efeito ou pelos próprios serviços municipais, mas este executivo optou por uma metodologia diferente ao convidar os munícipes, as instituições e as empresas do concelho a participar com as suas opiniões, sugestões e críticas. Queremos que este documento reflita o pensar e o querer de todos os munícipes e, para tal, serão realizadas dezenas de reuniões e lançado um inquérito num formato em papel e online, solicitando claramente a resposta de todos», adiantou o autarca.
O processo teve início no final do mês de fevereiro e corresponde a orientações da União Europeia. O edil disse ser «muito importante ver definida a estratégia de atuação para os próximos 20 anos, sendo certo que todos nós estamos convocados a participar na construção desta Agenda 2040 do nosso concelho», apelou o presidente da Câmara.

 

Carina Fernandes

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply