Sociedade

Envelhecimento saudável: IPG lidera projeto transfronteiriço

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Escrito por Joaquim Brigas

Politécnico da Guarda vai testar modelo de intervenção em 200 idosos de Portugal e Espanha
ao longo de seis meses. Os resultados vão determinar a sua implementação noutras regiões.

Um grupo de docentes e investigadores do Instituto Politécnico da Guarda – IPG vai liderar um projeto ibérico para prevenir o declínio funcional, e promover o envelhecimento saudável, dos idosos que vivem em regiões transfronteiriças de baixa densidade populacional no centro de Portugal e na Extremadura espanhola. O “SER65+: ações multissectoriais integradas para o Suporte ao Envelhecimento Saudável e Resiliente” vai testar um modelo inovador de intervenção, ao longo de seis meses, em duas centenas de idosos de diferentes municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE) e da Comunidade Autónoma da Extremadura (Espanha).
O “SER65+” terá a duração de três anos e um investimento total de 1,2 milhões de euros, cofinanciado em 920 mil euros pela União Europeia. O projeto irá aplicar, pela primeira vez nestas regiões, as metodologias do Programa de Atenção Integrada para a Pessoa Idosa (ICOPE) da Organização Mundial de Saúde (OMS). Será desenvolvido entre a comunidade e os profissionais de saúde, de ação social, de exercício físico, de animação sociocultural e cuidadores informais e pretende intensificar o trabalho em rede para apoiar o envelhecimento ativo e saudável dos mais velhos.
“O envelhecimento saudável é uma das áreas prioritárias em que o Politécnico da Guarda aposta, a par das tecnologias para a logística, da biotecnologia e das energias renováveis e processos de descarbonização”, afirma Joaquim Brigas, presidente do IPG. “Foram criadas internamente condições para que o Politécnico da Guarda possa liderar projetos nesta área, como é o caso”.

Diagnóstico precoce

De acordo com a OMS – que designou o intervalo temporal 2021-2030 como a década do envelhecimento ativo – é fundamental prevenir o declínio funcional das pessoas mais velhas, para que elas possam continuar a ser e a fazer o que mais gostam, dando-lhes assim um propósito de vida. Portugal e Espanha são dos países mais envelhecidos da União Europeia e os seus espaços transfronteiriços enfrentam dificuldades acrescidas devido às suas populações particularmente idosas e com menor acesso a serviços e infraestruturas de saúde e apoio social.
Segundo Carolina Vila-Chã, docente e investigadora do IPG e coordenadora deste projeto transfronteiriço, são estas caraterísticas da população que tornam necessário prevenir o seu declínio funcional, prolongando a sua autonomia, reduzindo a necessidade de cuidados e retardando ou evitando a sua institucionalização.
Haverá um grande envolvimento dos centros de saúde, das juntas de freguesia, associações, entre outras organizações dedicadas à prestação de cuidados e suporte ao idoso. Vão ser levadas a cabo várias sessões e assembleias participativas para ouvir e envolver a comunidade. A partir da informação recolhida, e em parceria com grupos de trabalho – compostos por pessoas da comunidade, serviços de apoio ao idoso e investigadores – serão criados planos de ação e estratégias de intervenção no terreno.
O “SER65+” vai ter como base um ecossistema digital de interação entre os profissionais de saúde e de ação social, entre agentes políticos locais e regionais envolvidos na prestação de cuidados de apoio ao idoso, cuidadores informais e adultos mais velhos. Será composto por uma aplicação móvel (App) de triagem da autonomia funcional e de saúde e uma plataforma online que vai incorporar a informação recolhida pela ‘App’ e disponibilizá-la aos atores envolvidos na prestação de apoio aos idosos. Através dos resultados dos testes de rastreamento efetuados no diagnóstico precoce, a ‘App’ vai monitorizar a autonomia funcional dos idosos ao longo do tempo. A plataforma online irá integrar a informação recolhida, simplificando assim a comunicação e o acesso dos beneficiários comunitários aos profissionais de apoio e à informação relacionada com as práticas de saúde comunitárias mais efetivas.

Curso para cuidadores informais

O projeto europeu coordenado pelo IPG vai melhorar as competências dos que apoiam idosos

Cuidadores Informais 2

O Instituto Politécnico da Guarda – IPG lançou o curso “Cuidar para Promover um Envelhecimento Saudável” destinado a cuidadores informais. O curso tem como objetivo dotar os cuidadores informais de estratégias e de orientações que retardem o declínio funcional dos idosos de que estão a cuidar. A gestão das síndromes geriátricas mais comuns na população sénior, assim como a saúde e o bem-estar do próprio cuidador, são temas importantes que o curso vai tratar.
A formação faz parte do projeto europeu EducAge, do qual o Politécnico da Guarda é coordenador, e será dada em cinco línguas: português, inglês, espanhol, húngaro e checo. Parte dos sessenta inscritos até à data já iniciou a aprendizagem online: no IPG, os módulos presenciais vão começar a ser ministrados a partir de finais de junho.
Segundo Carolina Vila-Chã, docente do IPG responsável pela coordenação internacional do projeto, “este curso está construído com base numa metodologia de ensino mista, combinando materiais educativos online com interações em sala de aula. Os módulos online foram concebidos para fornecer aulas concisas sobre temas essenciais para a promoção da qualidade de vida da pessoa cuidada, bem como da do cuidador, em que cada sessão de aula online terá uma duração entre os 12 e os 15 minutos”.
O curso, desenvolvido a partir das recomendações da Organização Mundial da Saúde sobre Cuidados Integrados para Pessoas Idosas (ICOPE), tem uma duração total de 32 horas e meia, sete horas e meia das quais presenciais, distribuídas por três módulos principais.

Sobre o autor

Joaquim Brigas

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