Sociedade

Crianças e jovens em perigo na Guarda são o dobro da média nacional

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Escrito por Luís Martins

De acordo com a associação “Causas de Paixão”, segundo a qual as 147 crianças e jovens em acolhimento correspondem a 3 por cento do total nacional

A taxa de incidência de situações de perigo em crianças e jovens no distrito da Guarda é de 0,55 por cento, mais do dobro da média nacional (0,26 por cento).
O alerta foi lançado pela associação “Causas de Paixão”, que adiantou, numa nota enviada a O INTERIOR, que as 147 crianças e jovens em acolhimento correspondem a 3 por cento do total nacional. Como resposta a estes «problemas sociais de amplitude nacional, que no distrito da Guarda têm uma maior prevalência», nomeadamente crianças e jovens em situação de acolhimento residencial, vulnerabilidade de jovens ex-acolhidos e despovoamento do Interior, a “Causas de Paixão” está a desenvolver o projeto “o lugar”. A iniciativa «é (muito) mais do que um ambiente físico. É todo um ecossistema de apoio social integrado que está a ser desenhado para, de forma inovadora, dar uma resposta holística» a estas três questões, refere a nota.
A diretora de comunicação do projeto “o lugar”, Bárbara Moreira, em declarações à agência Lusa, além de esclarecer que os dados são relativos ao Relatório Casa de 2022, informou que o espaço físico será inaugurado na aldeia do Pereiro, no concelho de Seia (distrito da Guarda). A ideia é que haja «um programa de capacitação e de autonomização destes jovens», num trabalho conjunto com casas de acolhimento do distrito, que terá a duração de um ano e meio. Posteriormente, «os jovens que, depois de saírem das casas de acolhimento, não se sintam ainda preparados para estarem totalmente autónomos», podem deslocar-se ao espaço que está a ser reabilitado na aldeia do Pereiro.
A «casa pode receber sete jovens e vai ser um programa de dois anos e depois, claro, findo o programa de dois anos para estes sete jovens, vêm outros sete», acrescenta. Eles terão então acesso a «oficinas de trabalho, para eles aprenderem um ofício, formação, possível integração do mercado de trabalho», entre outros, criando «mais um reforço para a autonomia», vinca Bárbara Moreira. Outro eixo do projeto trata da «revitalização do território, da própria aldeia», com a ida dos jovens à Pereiro.
A diretora-geral da “Causas de Paixão”, Manuela Cardoso, citada na nota, afirma que “o lugar” é «um espaço físico, mas também mental», um local «de pertença, seguro, de acolhimento», sendo, «acima de tudo, uma comunidade». A proposta de valor da associação e do projeto centra-se naqueles que são os principais desafios locais e a realidade no terreno, que demonstram que há uma «carência de iniciativas de intervenção com estratégias terapêuticas e reparadoras; uma falta de respostas de acompanhamento à autonomização (68 por cento das crianças e jovens); e uma ausência de soluções cabais para resolver a vulnerabilidade dos jovens após o acolhimento», sublinha, por sua vez, a responsável pela implementação do Programa de Capacitação e Transição para a Vida Adulta “EU MAiOR” de ”o lugar”, Sara Ribeiro, referindo-se à primeira fase do projeto.
Seguem-se-lhe, como realça o responsável pelas iniciativas de desenvolvimento comunitário e regional, Rafael Abreu, uma notória ausência de sentido de comunidade, uma inexistência de oferta de habitação, falta de formação profissional e a falta de oferta de trabalho. “O lugar”, um projeto da Causas de Paixão – Associação de Desenvolvimento Humano, Coesão Social e Territorial, foi apresentado esta terça-feira no auditório da Casa Municipal da Cultura de Seia. O momento será aproveitado para divulgar a obra “O que se passa na infância não fica na infância”, coordenado por João Pedro Gaspar e Pedro Guerra, em contexto da PAJE – Plataforma de Apoio a Jovens (Ex)acolhidos.

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Luís Martins

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