A sua história é feita de experiências, autenticidade e paixão pela terra, com alicerces no passado e vista para o futuro.
Celso Madeira, proprietário da Casa Agrícola Roboredo Madeira (CARM), acaba de festejar 90 anos e garante que «o esforço e dedicação valeram a pena porque os resultados estão à vista». Sob a sua orientação, o negócio foi crescendo ao longo dos anos e, mantendo os valores tradicionais, soube adaptar-se aos novos tempos, tornando-se uma referência no setor dos vinhos e do azeite. Localizada em Almendra, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, a CARM é uma empresa familiar e com uma longa história na produção de vinho e azeite de grande qualidade do Douro e Beira Interior. Apesar da casa da família já estar na região desde o século XVII, a produção para comercialização só começou em 1999 com a criação da Casa Agrícola Roboredo Madeira.
O projeto nasceu quando Celso Madeira se reformou. «Pensei que alguma coisa tinha de fazer com os terrenos que possuía e acabei por arriscar», recorda o engenheiro civil de profissão. «Foi nessa altura que decidi potenciar o património agrícola da família. Comecei por tratar das terras que já tínhamos, comprar outras e, quando chegámos a um patamar que nos permitiu produzir, transformar e comercializar azeite e vinho, decidimos criar a CARM», acrescenta. Hoje, o empresário considera que «todo o esforço valeu a pena» e que não há motivos para queixas porque «sempre tivemos um crescimento sustentável e contínuo».
O fundador da CARM faz questão de sublinhar que a empresa continuou a trabalhar de uma maneira que, «para mim, é agradável, com respeito pela natureza e sem qualquer espécie de fanatismos». «Fomos talvez pioneiros em Portugal a fazer agricultura biológica numa escala já bastante grande. Em 1993 estávamos a fazer cerca de 200 hectares de agricultura biológica, quando praticamente ninguém sabia o que isso era», refere, adiantando que a empresa também está a cumprir a sua função social, arranjando trabalho e criando riqueza. «Temos pessoal dedicado que tratamos o melhor que podemos e, em contrapartida, eles também estão satisfeitos e são dedicados. Vestem a camisola, como se costuma dizer, e os resultados são bons», elogia Celso Madeira.
A produção de azeite pela família de Celso Madeira começou em 1998, a partir dos seus olivais à volta da localidade de Almendra. «A decisão de produzir azeite resultou das necessidades e gostos do mercado internacional», afirma, admitindo que não foi preciso esperar muito para obter resultados. No primeiro ano em que concorreu a um concurso de azeites DOP obteve a melhor pontuação de todos os concorrentes nas várias vertentes. Seguiram-se inúmeros prémios em concursos nacionais e internacionais. A produção de vinho chegou mais tarde e «só aconteceu por razões económicas», uma vez que «o custo dos investimentos era muito maior e as ajudas financeiras da Europa foram muito importantes», declara o empresário.
Desde a sua criação, em 1999, a CARM não tem parado de melhorar as vinhas e fazer novas plantações – a vinha mais antiga tem cerca de 100 anos. Em 2004, a Casa Agrícola Roboredo Madeira construiu uma nova adega na Quinta das Marvalhas, na fronteira do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI). Equipada com novas tecnologias, linha de enchimento e rotulagem, a nova adega acrescentou condições de excelência a todo o processo produtivo. O reconhecimento internacional não tardou. Em 2010, o CARM Douro Reserva 2007 ocupava o nono lugar da lista dos 100 melhores vinhos do mundo, elaborada pela prestigiada revista “Wine Spectator”.
As distinções e reconhecimento da qualidade dos vinhos e azeites por parte de especialistas nacionais e internacionais têm sido uma constante. Celso Madeira reconhece que o Douro proporcionou «bons resultados» ao longo dos anos, mas destaca que «a certa altura apareceu uma outra janela de oportunidade que está a revelar-se: os vinhos da Beira Interior». Nessa perspetiva, o empresário revela que a CARM está «a pensar construir, num horizonte de três a quatro anos, uma “Adega-boutique” especializada na produção de vinhos topo de gama da Beira Interior. É uma aposta a sério na Beira Interior».
Carlos Gomes