Sociedade

Câmara quer assinar «dentro de 30 dias» contrato para instalação de hospital privado e residência sénior na Guarda

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Escrito por Efigénia Marques

Memorando de entendimento foi rubricado na quinta-feira entre a autarquia, a MedCapital e o grupo Hospital Terra Quente, que pretendem investir cerca de 10 milhões de euros na zona do antigo matadouro e criar 210 postos de trabalho

Imune à polémica que está a envolver o processo, a Câmara da Guarda assinou na quinta-feira o memorando de entendimento com a MedCapital e o Hospital Terra Quente para a cedência de terrenos do antigo matadouro com vista à construção de uma unidade hospitalar, de uma residência sénior e um centro complementar de diagnóstico.
Autarquia e investidores estão agora a ultimar o acordo final, que prevê a cedência em regime de direito de superfície daquele espaço por um prazo de 50 anos. Em contrapartida os promotores terão de pagar uma renda anual de 11.200 euros ao município. O memorando foi assinado por Carlos Chaves Monteiro, presidente da autarquia, Simão Fezas Vital (MedCapital) e Manuel José Lemos (Hospital Terra Quente), que contam iniciar os trabalhos durante o próximo ano e estimam poder inaugurar o futuro hospital privado no primeiro semestre de 2024. Manuel José Lemos adiantou aos jornalistas que o projeto contempla a construção de um hospital, que vai ter bloco operatório, 20 camas de internamento e «todas as valências e meios complementares de diagnóstico». Paralelamente, será construída uma residência sénior com 80 camas e capacidade para 30 utentes em regime de centro de dia. As obras deverão iniciar-se durante o próximo ano.
O administrador do grupo Hospital Terra Quente justificou o número reduzido de camas alegando que «se este hospital fosse feito há 20 anos teria 40 ou 50 camas de internamento, hoje isso não se justifica porque 70 a 80 por cento das cirurgias serão de ambulatório». Manuel José Lemos sublinhou também que os promotores não têm «o atrevimento de dizer que vimos resolver os problemas todos, mas achamos que a hospitalização privada deve ser complementar do SNS», que deve começar a ser pensado «mais em Sistema Nacional de Saúde, com privado, social e público, e menos em Serviço Nacional de Saúde», defendeu.
Também Simão Fezas Vital justificou a vinda do grupo MedCapital, que foi criado no final do ano passado, para a Guarda por ser um mercado onde a oferta privada ainda é «manifestamente insuficiente». «Este eixo do interior pode e deve ser mais bem explorado e é com essa intenção que estamos no concelho da Guarda para servir o distrito», adiantou o empresário. De resto, na sua opinião, a presença de um operador privado «não é de todo uma ameaça ao setor público, nem pretende ser um limitador da sua ação, em muitos casos até ajuda ao desenvolvimento do setor público no sentido em que contribui para fixar médicos porque se torna muito mais atrativo para se instalarem aqui».
Por sua vez, o presidente do município sublinhou que, com este projeto, pretende-se dar «uma resposta complementar a uma necessidade essencial da nossa comunidade». Além disso, «estamos a requalificar este espaço urbano e a criar 180 postos de trabalho na unidade hospitalar e mais 30 na residência sénior, o que vai também alicerçar a economia local. Prejuízo é este terreno estar como está», disse Carlos Chaves Monteiro. O autarca revelou ainda que «dentro de 30 dias» haverá condições para assinar o contrato de direito de superfície, o passo que dará «legitimidade» ao grupo Terra Quente fazer a sua obra na Guarda.

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Efigénia Marques

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