O presidente da Câmara da Guarda confirmou que o município vai recorrer da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu no caso do concurso público para os transportes urbanos.
«São 160 mil euros de diferença em três anos entre o primeiro e o segundo classificados. É muito dinheiro para o erário público, tanto mais que o facto que esteve na origem da decisão de revogação do concurso não é imputável à autarquia», disse Chaves Monteiro aos jornalistas no final da reunião da passada segunda-feira. O autarca acrescentou que se fosse possível anularia o concurso e que o município está a tratar de renegociar a prestação de serviços com a Transdev ou avançar mesmo para o ajuste direto do serviço com essa ou outra empresa. Chaves Monteiro revelou também que a Câmara deverá passar a ser operadora de transportes porque manter este serviço público é «insustentável do ponto de vista financeiro». Segundo o edil, a autarquia ficaria «a ganhar se passasse a ser operadora de transportes, hoje tenho essa noção, pois o que está em causa é a imprevisibilidade do preço». Contudo, trata-se de uma decisão a tomar a longo prazo.
Já Sérgio Costa votou contra a ata da reunião anterior e solicitou um excerto áudio da discussão dos dois últimos pontos da ordem do dia com o argumento de ter sido «cortada a parte final» da sua intervenção. «O que me foi respondido é que estariam, alegadamente, à espera do parecer de uma entidade chamada CADA – Comissão de Acesso a Documentos Administrativos para me poderem facultar isso. Ora ainda hoje estou à espera da gravação de uma reunião de abril e do parecer», ironizou o vereador, que deu um prazo de 24 horas para lhe ser enviada a referida gravação. «Caso contrário, terei de às autoridades fiscalizadoras das autarquias locais a bem da reposição da verdade e da transparência», justificou Sérgio Costa
Na resposta, Chaves Monteiro garantiu que se a Comissão de Proteção de Dados der parecer favorável o registo áudio será entregue. «Se for negativo não o entregaremos», afirmou. «Como os meus esclarecimentos, se calhar, não esclarecem o senhor vereador, que peça o registo áudio. Talvez seja a melhor forma de ser esclarecido sobre o que ouve do presidente, mas que, às vezes, não quer seguir. É um direito que lhe assiste, como é um direito que me assiste gerir a reunião desta forma. Se me for perguntado do ponto de vista factual e não conclusivo, eu procuro ser esclarecedor e claro», disse o presidente da Câmara
A reunião ficou ainda marcada por mais uma chamada de atenção de Sérgio Costa para a atribuição de mais apoios extraordinários a associações do concelho. «Hoje [segunda-feira] foram mais cerca de 100 mil euros, o que faz ascender a cerca de 600 mil euros o valor dos apoios atribuídos nas últimas reuniões de Câmara. Em política não vale tudo, e estes apoios mais parecem querer servir para uma qualquer tentativa de condicionamento eleitoral dos visados», criticou.