Sociedade

Câmara da Guarda não desiste da Pousada da Juventude

Escrito por Luís Martins

Álvaro Amaro ficou «surpreendido» com a notícia de O INTERIOR sobre a adaptação da Pousada da Juventude da Guarda a residência de estudantes do IPG. E disse discordar da opção porque haverá na cidade «melhores alternativas» para esse equipamento.

O presidente da Câmara da Guarda discorda da transformação da Pousada da Juventude em residência de estudantes, uma intenção do Governo noticiada por O INTERIOR na semana passada.
«Há alternativas melhores, nomeadamente a antiga residência da Gulbenkian onde esta o Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS), que se quer mudar para as instalações deixadas vagas pela Infraestruturas de Portugal na Avenida Francisco Sá Carneiro», disse Álvaro Amaro na reunião do executivo realizada na sexta-feira. O edil lamentou que a Câmara não tenha sido informada da decisão e recordou que o município «continua à espera» que a Movijovem «se decida quanto à proposta» apresentada para assumir gestão da Pousada. O autarca acrescentou que falou telefonicamente com o secretário de Estado do Ensino Superior para «tentar tirar-lhe aquilo da ideia» com o argumento de que, «até prova em contrário», deve haver uma Pousada da Juventude na Guarda.
«Estou desejoso de ter uma residência de estudantes para o IPG, mas não ali», sublinhou Álvaro Amaro. Os vereadores do PS concordaram e também defenderam que a Pousada faz «muito mais falta à Guarda do que uma residência de estudantes, que não é uma necessidade tão urgente», declarou Pedro Fonseca. Por sua vez, Eduardo Brito defendeu que o edifício tem que ser usado para «aquilo que foi construído» e que a Pousada «é que é o melhor» para a Guarda. E a propósito de obras, o vereador aproveitou para declarar que 2019 será «o momento de obrigar» o Governo a encontrar uma solução para o comando da GNR. «O Estado tem que financiar um quartel novo porque a GNR está mal instalada e precisa de boas condições», disse o eleito socialista.
Nesta sessão antecipada devido à quadra natalícia, Álvaro Amaro revelou que a Câmara está a estudar a possibilidade de candidatar o cobertor de papa – uma peça tradicional de lã de ovelha churra produzida nas aldeias de Maçaínhas e Meios – a património cultural da UNESCO. O assunto veio à baila depois do vereador Pedro Fonseca sugerir essa opção por considerar que se está «na iminência de perder o fabrico artesanal deste produto endógeno e verdadeiramente diferenciador», pelo que precisa de «salvaguarda urgente». Na resposta, o presidente anunciou que a Câmara já estava a trabalhar no processo por sugestão do vereador Victor Amaral (PSD), mas que a candidatura pode ser inviabilizada porque o cobertor de papa não está certificado como produto endógeno e «praticamente não se fabrica». «Ainda bem que o PS coincide com esta intenção, mas há todo um trabalho a fazer na valorização deste produto tradicional», reconheceu o autarca.
No âmbito das ações previstas está, nomeadamente, a criação de uma escola de artes e ofícios para «ajudar a recuperar boas práticas tradicionais», que deverá ser apresentada no primeiro trimestre de 2019.

PS pede obras nas Lameirinhas

Na sexta-feira o vereador Pedro Fonseca chamou a atenção da maioria para a «situação lastimável» do Bairro das Lameirinhas, na cidade. «As ruas e os passeios estão esburacados, o espaço público está muito degradado e precisa de requalificação urgente. É uma situação que não é compreensível no século XXI. Os habitantes daquela zona da cidade merecem outro tratamento», disse o socialista. Na resposta, Álvaro Amaro disse ter registado o alerta e afirmou que «a cidade já não é o que era há cinco anos», mas que «nem tudo está feito», acrescentando que, tal como as Lameirinhas, também a zona de Alfarazes necessitará de uma intervenção. O presidente da Câmara adiantou ainda que o município cedeu ao IPG dois apartamentos no Rio Diz para instalar estudantes dos PALOP e que desafiou a Diocese a ceder para o mesmo efeito as instalações do Centro Apostólico.

Órgão de tubos da Sé vai ser reconstruído

A Câmara da Guarda vai candidatar aos fundos comunitários a reinstalação do órgão de tubos da Sé Catedral.
Na última sessão do executivo Álvaro Amaro deu conta da evolução do projeto e informou a vereação que a opção é agora de reconstrução do antigo órgão, que tinha sido desmantelado no início do século passado e cujas peças estão no Seminário da cidade. «A Direção Regional de Cultura do Centro e a Diocese desistiram da ideia de adquirir um órgão de tubos novo e optaram pela reconstrução do original», disse o presidente, destacando que são peças de «grande valor histórico». E acrescentou que a respetiva candidatura deverá ser entregue até ao final do ano, sendo que a opção de reconstrução será mais cara do que a aquisição de um novo. Para este projeto, a autarquia tem reservados 400 mil euros do FEDER – no âmbito do Pacto da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela –, mas «o custo final andará por volta dos 600 mil euros», adiantou Álvaro Amaro.

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