Sociedade

Câmara da Guarda já não quer pavilhão multiusos na antiga fábrica Tavares

Escrito por Luís Martins

A polémica está instalada com a possível mudança da localização do futuro Centro de Exposições Transfronteiriço para o Parque Urbano do Rio Diz

A Câmara da Guarda tem «base jurídica, financeira e técnica» para poder construir o futuro Centro de Exposições Transfronteiriço (CET) na zona do parque urbano do Rio Diz, na Guarda-Gare. A decisão ainda não está tomada, mas a desafetação de uma parcela de 10 mil metros quadrados do domínio público para o domínio privado do município naquele espaço verde foi quanto bastou para fazer estalar a polémica e a contestação.
A deliberação foi tomada na sexta-feira numa reunião extraordinária do executivo, em que não participaram os vereadores da maioria Sérgio Costa e Victor Amaral, bem como o socialista Eduardo Brito. Votaram a favor o presidente e as vereadoras Cecília Amaro e Lucília Monteiro, enquanto a socialista Cristina Correia votou contra. No final, Carlos Chaves Monteiro justificou a decisão dizendo que a autarquia desistiu da construção do CET na antiga fábrica Tavares, no Rio Diz, porque a empresa não escriturou os terrenos em nome do município apesar deste já ter pago dois milhões de euros de acordo com um contrato promessa de compra e venda celebrado em 2001 pelo executivo então liderado por Maria do Carmo Borges. «Verificámos, entretanto, que uma área de 50 mil metros quadrados tinha sido hipotecada pela Sociedade Têxtil Manuel Rodrigues Tavares à Segurança Social por 800 mil euros. Sem escritura, sem o visto do Tribunal de Contas ao negócio e com aquele ónus, tornou-se inviável uma solução naquele terreno», afirmou o autarca aos jornalistas.
Chaves Monteiro disse-se «perplexo» com esta situação e insistiu que não há «objetivamente» decisão da Câmara para construir o pavilhão multiusos no parque urbano. «É uma possibilidade, não é a localização definitiva. Hoje [sexta-feira] houve apenas um ato formal para ampliar as hipóteses do CET poder ser construído na zona de estacionamento junto ao iglódromo. Se for esta a solução, o Plano de Pormenor do parque urbano terá que ser alterado», disse, anunciando que «esta e outras localizações» constantes do estudo realizado por uma empresa do Porto serão colocadas em discussão pública. O edil acrescentou que esta localização, a segunda melhor a seguir à antiga fábrica Tavares apresentada no referido estudo, é vantajosa em termos de «preço» e por ser um espaço do município. «O facto de integrar a zona de Reserva Ecológica Nacional (REN) é o único ponto fraco de uma análise SWOT realizada», revelou o autarca, para quem o CET irá «complementar o parque urbano em termos de fruição, pois vamos manter as funções daquele espaço verde e de lazer». Já o iglódromo será deslocalizado para a zona do solário, que «não tem utilização pelos utentes», acrescentou Carlos Chaves Monteiro.
A construção deste equipamento irá «satisfazer os interesses e as necessidades da Guarda e dos guardenses», considera o presidente da Câmara, mas também «modernizar e valorizar» a cidade. O edifício será ainda aproveitado para ali instalar o futuro Centro Tecnológico Fernando Carvalho Rodrigues. «Temos que ser audaciosos, mas com responsabilidade», especificou. Nesse sentido, é intenção da Câmara celebrar um contrato de direito de superfície com um privado, selecionado através de concurso público, para construir o pavilhão e arrendá-lo posteriormente à autarquia. «Esta solução liberta-nos do ponto de vista financeiro porque a Câmara não tem meios próprios para concretizar a obra», disse o edil guardense. A construção do CET no Parque Urbano do Rio Diz foi criticada pela vereadora do PS Cristina Correia: «Já estragaram que chegue aquele espaço, que não se deve descaracterizar ainda mais. Se há mais opções, há que pensar seriamente nessas localizações», afirmou a eleita da oposição. Cristina Correia adiantou aos jornalistas que o assunto seria levado à sessão da Assembleia Municipal desta quarta-feira, mas na véspera o ponto foi retirado da ordem de trabalhos com o presidente da autarquia a garantir que o mesmo «nunca chegou» a estar incluído.

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