A Câmara da Guarda pagou na semana passada 20.384 euros à Viúva Monteiro & Filhos, Lda., um montante relativo aos passes escolares, e continua a efetuar o transporte de passageiros até ao limite do concelho até que seja encontrada uma solução para colmatar a suspensão decretada pela empresa Viúva Monteiro & Filhos, Lda.
A transportadora do Sabugal cessou a carreira diária para a Guarda no passado dia 5 invocando «prejuízos constantes» na exploração deste circuito interurbano. Ana Luísa Monteiro, administradora da empresa, confirma que alertou o município para a situação e que pediu «uma compensação por obrigação de serviço público à Câmara, com as respetivas justificações financeiras», para evitar a interrupção desta carreira, que «é ainda mais deficitária no período de férias escolares». Mas a autarquia não acedeu e os autocarros deixaram de ligar as duas cidades. «Queremos ter o mesmo tratamento que a autarquia da Guarda tem dado à Transdev, à qual tem pago subsídios pela exploração deficitária da rede de transportes. Não é mais do que isso», esclarece Ana Luísa Monteiro, que reitera que a Viúva Monteiro é «uma PME que presta um serviço público», mas que este serviço está «a por em risco a sustentabilidade económica da empresa».
A responsável adiantou a O INTERIOR que a compensação solicitada ao município ultrapassa os 178 mil euros. Entretanto, a Câmara da Guarda pagou 20.384 euros dos passes escolares, mas este valor não corresponderá à dívida que a edilidade tinha para com a transportadora, «que ronda os 24 mil euros», refere Ana Luísa Monteiro. «A diferença deve-se a uma alteração realizada aos itinerários das carreiras escolares para que se adequassem melhor aos horários das crianças, uma mudança que não foi considerada nas contas da autarquia», considera a administradora da Viúva Monteiro. Quem não reagiu bem a esta tomada de posição foi o presidente da Câmara. «Esta exigência de uma compensação por um serviço pelo qual não temos qualquer contrato com essa empresa é uma tentativa de pressão à qual não podemos ceder», disse Carlos Chaves Monteiro no final da reunião do executivo municipal, na segunda-feira.
Além do mais, o autarca acrescenta que o município e as demais autarquias da região delegaram na Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela a gestão dos transportes intermunicipais, «logo já não somos nós a tratar desse assunto». De resto, o edil guardense levou o caso à reunião do Conselho Intermunicipal da CIMBSE desta terça-feira e já solicitou um pedido de esclarecimento à Secretaria de Estado dos Transportes. «A Câmara da Guarda valoriza as empresas da região, mas não pode ser a sua financiadora», afirma Carlos Chaves Monteiro, adiantando que a Viúva Monteiro «tem que justificar devidamente o valor reclamado». O presidente da Câmara esclarece também que a exploração da carreira Sabugal-Guarda resulta de um pedido de concessão da empresa junto do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT). «Nada tem a ver connosco», sublinha. Uma reunião entre as partes estava agendada para esta quarta-feira, após o fecho desta edição, para encontrar uma solução para o problema.
Câmara da Guarda delega na CIMBSE resolução da carreira da Viúva Monteiro
Autarquia pagou cerca de 20 mil euros relativos aos passes escolares na semana passada, mas continua a recusar qualquer compensação por défice de exploração do circuito entre o Sabugal e a Guarda.