Sociedade

Câmara da Covilhã ofereceu aparelhos que não medem temperatura a pessoas

Escrito por Jornal O Interior

Caso foi denunciado pelo vereador do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes uma semana depois do município ter entregue câmaras termográficas a instituições de saúde, bombeiros e forças de segurança

A polémica está instalada na Covilhã depois do vereador do CDS Adolfo Mesquita Nunes ter denunciado que as câmaras termográficas entregues na semana passada pela autarquia a instituições de saúde, bombeiros e forças de segurança do concelho não podem ser utilizadas para medir a temperatura de pessoas.
O alerta foi feito através de uma publicação no Facebook, onde o eleito centrista mostra a alínea do livro de instruções do equipamento que sublinha: «O instrumento de medição não pode ser usado para medir a temperatura em pessoas ou em animais, ou para outros fins médicos». Aos jornalistas, Adolfo Mesquita Nunes sublinha que «não se trata de uma acusação, mas sim de um facto, que é comprovado pelas especificações técnicas daquele equipamento. Portanto, foi comprado equipamento que não tem qualquer utilidade para efeitos de combate à pandemia, ao contrário do que foi anunciado pela Câmara Municipal». O vereador acrescentou ainda que o presidente do município «não negou» que o equipamento não pode ser utilizado em seres humanos.
Confrontado com a polémica, Vítor Pereira considerou estar-se perante um «inqualificável aproveitamento político» e sublinhou que o equipamento está a ser usado noutras regiões, nomeadamente no Oeste, para os mesmos fins, pois mede a temperatura «em segundos». Estas câmaras termográficas foram adquiridas pela autarquia e distribuídas por entidades de saúde, bombeiros e forças de segurança do concelho. As entregas foram devidamente fotografadas pelo setor de comunicação do município, imagens essas que revelam a marca e modelo dos aparelhos. Ora, uma pesquisa rápida permite concluir que as câmaras ofertadas são instrumentos de bricolage, custam cerca de 1.400 euros e destinam-se a medir superfícies, paredes ou componentes elétricas, não podendo ser usado para «medir a temperatura em pessoas ou em animais, ou para outros fins médicos».
Para Adolfo Mesquita Nunes, a Câmara da Covilhã deve «assumir o erro» e mandar recolher os equipamentos para evitar a sua utilização indevida. No entanto, Vítor Pereira esclareceu que as câmaras foram adquiridas por indicação de um técnico do Serviço Municipal de Proteção Civil. Entretanto, as câmaras entregues ao Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira (CHUVB) ainda não foram usadas, uma vez que a oferta foi encaminhada para os serviços técnicos para ser avaliada, procedimento seguido com todas as doações, garantiu João Casteleiro, presidente do Conselho de Administração da unidade hospitalar.

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