Sociedade

Caloiros pensam desistir do IPG por falta de alojamento

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Escrito por Efigénia Marques

Há vários estudantes que ingressaram este ano no Instituto Politécnico da Guarda e ainda não conseguiram arranjar casa ou quarto

Há estudantes matriculados no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) que ainda não têm casa quinze dias depois do início do ano letivo para os alunos da segunda fazse de candidaturas. A situação não é nova, mas está a agravar-se dada a falta de alternativas às residências oficiais, já lotadas, e o aumento de candidatos que ingressaram no IPG nas duas primeiras fases de acesso ao ensino superior nas últimas semanas.
João Ferreira é um deles. Aluno do primeiro ano de Enfermagem na Escola Superior de Saúde da Guarda, entrou na segunda fase de candidaturas há duas semanas e não encontra casa ou quarto para alugar na Guarda. As aulas já começaram e a primeira semana deste aluno na cidade mais alta foi mais conturbada do que esperava e não pelos motivos que um caloiro espera encontrar: «Nos primeiros dias cheguei a fazer viagens de e para Viana do Castelo, fiquei alojado numa residencial da cidade, tudo para ir às aulas, mas desde 5 de outubro que não vou, desisti do IPG porque não tenho onde ficar», confessa o estudante de 18 anos, natural de Viana do Castelo. O caloiro de Enfermagem conta ter andado «um dia inteiro» à procura de casa sem sucesso. «Até passei nas residências, mas estavam cheias. Procurei quartos e não encontrei… Os poucos que apareciam eram apenas para raparigas», acrescenta João Ferreira.
O jovem até encontrou mais estudantes na mesma situação. «Ainda pensámos juntar-nos e arrendar um apartamento, mas nem isso conseguimos encontrar», lamenta. Na secretaria da Escola Superior de Saúde, quando expôs o problema, foi-lhe dito que «era normal nesta altura, ainda para mais num ano em que muitos alunos vieram para o IPG». Sem perspetiva de conseguir alugar casa ou um quarto na Guarda, João Ferreira ficou sem alternativa e pensa candidatar-se à terceira fase de acesso ao ensino superior para «conseguir entrar em Enfermagem nalgum sítio onde possa ficar e viver». O caso deste caloiro é do conhecimento do diretor dos serviços de Ação Social do Politécnico guardense, que confirma que as residências «estão cheias» e já há «lista de espera» para poder ter direito a alojamento. «O Instituto Politécnico tem 5 residências, temos capacidade para 431 camas e temos 431 camas ocupadas». José Afonso acrescenta que «os alunos bolseiros têm um apoio monetário e podem usá-lo na procura de alojamento», mas para resolver o problema «a solução seria que a Guarda disponibilizasse mais alojamento para os estudantes».
«Sei que há estudantes que ainda procuram alojamento e está a ser difícil. Mas penso que a cidade deve ter quartos para arrendar, contudo, a Guarda não está a dispor de capacidade de resposta para estes casos», constata o responsável. «Apesar das várias tentativas de resolução do problema, com Pousada da Juventude, Centro Apostólico ou outras soluções idênticas, há alunos do Politécnico que não têm onde ficar e está a ser difícil manterem-se na Guarda», admite mesmo José Afonso.

As candidaturas do IPG para construção de residências foram chumbadas

Da lista final aprovada no Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) não constam as candidaturas do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).
As seis manifestações de interesse apresentadas para a construção e requalificação de residências de estudantes foram rejeitadas na primeira fase de avaliação pelo painel especialmente nomeado para a avaliação e acompanhamento das candidaturas a concurso. Em causa estava um investimento da ordem dos 12 milhões de euros e a criação de 589 camas na Guarda e Seia, com destaque para a construção de raiz de um edifício à entrada do campus. Desse montante, o IPG tencionava investir 6 milhões de euros em Seia para disponibilizar 200 novas camas. O relatório da Agência Nacional Erasmus+ justificou o “chumbo” com o facto das propostas não terem atingido a pontuação mínima nos critérios de avaliação, nomeadamente de «adequação da oferta à procura». O Politécnico recorreu da decisão, mas sem sucesso.
Já a Universidade da Beira Interior (UBI) vai investir 5 milhões de euros na renovação das residências 1, 3 e 4/5, bem como na adaptação em residência universitária do edifício da antiga cantina da Boavista, na Covilhã.
Os projetos foram aprovados no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), tendo as respetivas candidaturas ao financiamento do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES). Segundo a UBI, metade das atuais 700 camas disponíveis será abrangida por esta renovação.

 

Sofia Pereira

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Efigénia Marques

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