Sociedade

Bispo da Guarda preocupado com falhas no SNS

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Escrito por Efigénia Marques

«Quando as carências do sistema de saúde são muitas e estão longe de se encontrar superadas, o risco passa a ser o recurso à eutanásia como a solução mais rápida e menos onerosa», considera D. Manuel Felício

O bispo da Guarda leu na passada quinta-feira a habitual mensagem de Natal, onde transmitiu a sua preocupação com as carências do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e com a possível aprovação da lei da eutanásia.
D. Manuel Felício recomenda que se crie «uma cultura de proximidade e acompanhamento» para que não exista recurso à morte medicamente assistida. «O SNS está com dificuldades em responder aos problemas normais que se colocam ao cidadão. Não sou eu a dizê-lo, é o próprio gestor do SNS que está a dizê-lo», constatou o prelado, para quem o reflexo dessas dificuldades é a recente aprovação parlamentar da lei «que permite a eutanásia e o suicídio medicamente assistido», porque «oferecer a morte nunca pode ser solução para qualquer problema humano», refutou. O que as pessoas pretendem fazer no fim da sua vida já «está instituído» através do testamento vital, o que D. Manuel considera «suficiente para enquadrar as determinações do próprio sobre o final da sua vida».
«Isto porque a vida humana é sempre um dom precioso, em todas as suas fases, desde a conceção até à morte natural e, por isso, nunca deve ser intencionalmente provocada», acrescenta o bispo guardense na mensagem natalícia intitulada “Natal: A beleza da vida no rosto de uma criança”. Apesar de defender que o Governo tem de ter um papel importante, D. Manuel Felício defende que a criação de soluções passa por todos, «em primeiro lugar pelas famílias, mas as instituições públicas têm a obrigação de criar condições». A saúde não é o único setor com dificuldades, «há muitos outros problemas graves que precisam da atenção dos nossos representantes em sede de decisões legislativas e que são marginalizados», caso da Educação.
«Isto de termos um projeto válido que seja capaz de gerar dinamismos de futuro na nossa sociedade, estamos longe de lá chegar e não vejo que haja iniciativas nesse sentido, de ter aquilo que chamamos o pacto educativo, porque educar não é só ensinar. É muito mais do que isso, é preparar as pessoas para a vida», afirmou. No final, em declarações aos jornalistas o bispo da Guarda falou também dos receios quanto ao futuro devido à inflação e à guerra na Ucrânia, tendo declarado que «dar mais 125 euros não é a solução», é necessário «criar condições para que as dificuldades gerais sejam diminuídas».

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Efigénia Marques

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