António Beites Soares, Presidente da Câmara Municipal de Penamacor, terá adjudicado uma obra três anos depois de a mesma ter sido acabada, segundo avançou hoje o jornal “Público”. De acordo com a informação divulgada pelo diário, em 2018 o edil assinou o respetivo contrato e designou os técnicos responsáveis pela fiscalização, apesar da obra estar terminada desde 2015.
O trabalho em causa diz respeito a uma pavimentação do caminho de acesso à Reserva Natural da Serra da Malcata, uma obra de cerca de 2 kms, realizada entre a Estrada Nacional 233 e a Base Táctica da Força Aérea. Teve um custo de cerca de 150 mil euros.
A intervenção foi realizada no início de 2015 – altura do primeiro mandato de António Beites Soares – tendo a sua conclusão sido noticiada, com fotos, no Boletim Municipal do primeiro semestre daquele ano.
Antes do início da obra, em Outubro de 2014, a autarquia obteve autorização do Instituto de Conservação da Natureza, conseguindo assim a aprovação para realizar a intervenção numa área protegida.
De acordo com o jornal “Público”, consta nos registos deste instituto uma ação de fiscalização que verifica a conclusão da obra, a 18 de Fevereiro de 2015, assegurando que a mesma se realizou de acordo com o parecer datado de outubro de 2014. Apesar disso não existiu registo de qualquer contrato celebrado pelo município no portal dos contratos públicos (Base.gov) até 6 de março de 2018.
A empresa que foi contratada três anos depois, a António J. Cruchinho & Filhos, pertence aos pais e irmãos de Ilídia Cruchinho, vereadora que, dois meses antes, foi obrigada a renunciar ao mandato por ser judicialmente confrontada com ilegalidades relacionadas com a adjudicação de outras obras a familiares. Atualmente Ilídia Cruchinho é chefe de gabinete do presidente da câmara.
Entre 2015 e 2018 a autarquia terá celebrado pelo menos 11 contratos com a mesma empresa, ainda de acordo com o “Público”. Foram inclusive adjudicadas empreitadas antes de serem conhecidos os projetos das obras – que incluem os cadernos de encargos.
Apesar de ter sido já notificado pelo tribunal, António Soares recusa-se a facultar documentos relativos a este e outros casos aos seus adversários políticos. O INTERIOR tentou contactar o presidente da autarquia de Penamacor sem sucesso.