Sociedade

Assembleia Municipal protesta por «subalternização» da estação ferroviária da Guarda

Escrito por Luís Martins

A Assembleia Municipal da Guarda vai enviar um voto de protesto ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas pela «subalternização» da estação ferroviária da cidade após a construção da concordância das linhas da Beira Alta e Beira Baixa, nos Galegos, na sequência da notícia de O INTERIOR.

Aprovado por maioria, com os votos contra do PS, o protesto apresentado pelo CDS-PP retoma a notícia de O INTERIOR (ver edição de 20 de fevereiro) e pede «garantias escritas, por parte da tutela, de que a Estação da Guarda será sempre um ponto obrigatório de paragem para comboios de passageiros provenientes da linha da Beira Baixa e com destino a essa linha». Os socialistas votaram contra porque têm «garantias» de que «só os comboios de mercadorias não vão parar» na Guarda, disse António Monteirinho. Opinião contrária manifestou Luís Aragão (PSD): «Os comboios não param de certeza absoluta. A estação da Guarda na Linha da Beira Baixa é a do Barracão», declarou, enquanto o líder da bancada social-democrata Tiago Gonçalves foi mais cauteloso. «Ainda não há certezas, mas temos de estar alerta para evitar uma eventual subalternização da cidade com a conclusão da Linha da Beira Baixa», afirmou o também líder da concelhia.
Por sua vez, o presidente da Câmara disse acreditar que «não está em causa a subalternização da Estação da Guarda», que é uma cidade onde «historicamente confluem duas das linhas ferroviárias mais importantes do país». Carlos Chaves Monteiro acrescentou que «é isso que queremos manter e reforçar, desde logo, com o “porto seco” ou com o terminal ferroviário. Na sequência deste tema. No período de antes da ordem do dia os deputados aprovaram, por maioria, uma moção da CDU sobre a regionalização com Henrique Monteiro (CDS-PP) a justificar o voto contra dizendo que «o país é demasiado pequeno para ser regionalizado, o que é preciso é que seja bem governado». Os centristas voltaram a apresentar uma moção para que a Câmara aprove um Regulamento Municipal de Arvoredo, mas o documento foi chumbado com 46 votos contra, 16 abstenções e dois votos a favor.

PS pergunta por obras anunciadas

Ainda antes da ordem do dia, António Monteirinho, recém-eleito líder da concelhia do PS, encetou um balanço sobre «o que a Guarda perdeu» com a governação social-democrata. «São os Passadiços do Mondego que não avançam e o Centro de Exposições Transfronteiriço que ainda haveremos de ver como promessa eleitoral na próxima candidatura do PSD à Câmara. Mas também o abandono dos projetos de requalificação do Largo da Misericórdia e da Praça Velha», disse o socialista, perguntando também pelo Quarteirão das Artes. «Assistimos a um rol de anúncios de projetos, mas, ao fim de seis anos, continuamos sem obras», criticou António Monteirinho, que aludiu ainda ao «mal-estar» e ao «clima de guerrilha interna» no seio da maioria PSD «para ver quem será o candidato em 2021».
Uma primeira defesa foi encetada por Tiago Gonçalves, que respondeu perguntando ao PS como está a resolução «do problema» dos comandos da GNR e PSP, da Pousada da Juventude, do Hotel Turismo ou do «famigerado» Centro Nacional de Educação Rodoviária. Na sua opinião, a Guarda deve «pugnar» para que seja aqui instalado o primeiro “porto seco” do país dado o posicionamento estratégico da cidade. «Temos condições privilegiadas para a logística e para sermos, efetivamente, a porta de entrada de mercadorias da Europa para Portugal e a porta de saída das mercadorias que se fabricam em Portugal para a Europa e para o mundo», disse o social-democrata. Quanto à Câmara, Tiago Gonçalves sublinhou que tudo fará para que «a integridade do projeto do PSD para a Guarda se mantenha até ao fim do mandato». O deputado considerou ainda que «a única coisa que o PS tem para a Guarda é o bota-abaixo»
A ideia foi repetida por Carlos Chaves Monteiro, para quem a oposição socialista «não tem ideias, projetos, para a Guarda», tendo também constatado que os seus principais candidatos em 2017 – Eduardo Brito e Pedro Fonseca – «já não estão no executivo». De resto, o autarca sublinhou que as obras elencadas «estão em curso» e acusou o PS de «não acompanhar a realidade». Já a reabilitação do Largo da Misericórdia «não é um projeto importante para estes dois anos».

Chaves Monteiro quer juntar PSP e GNR no quartel

O presidente da Câmara da Guarda aproveitou a AM da última quinta-feira para dizer que a anunciada redução de portagens nas ex-SCUT, como a A23 e A25, que servem a cidade, «não responde às necessidades da região».
«É uma proposta redutora. Acho que há que fazer mais para valorizar as populações deste interior que saem altamente prejudicadas no seu desenvolvimento, desde logo pelo custo das portagens», afirmou Carlos Chaves Monteiro.
O edil anunciou também que o município está a estudar uma solução-piloto para instalar os comandos locais da GNR e da PSP no mesmo espaço e partilharem alguns serviços. Numa reunião com o gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna foi «analisada a ideia de juntar as duas forças policiais no espaço do Comando Territorial da GNR e de partilharem alguns serviços, por exemplo balneários e refeitório», disse Chaves Monteiro, adiantando que o governante «até via com bons olhos este projeto». Se essa proposta se concretizar «pode haver uma linha de financiamento» de dois milhões de euros, acrescentou o autarca guardense, recordando a intenção do município em abrir uma rua frente ao Teatro Municipal da Guarda.
Nesta sessão, Chaves Monteiro revelou ainda que a Câmara vai contratar um vigilante para ficar na Rua do Comércio durante o período noturno. O objetivo é «evitar os atos de vandalismo recorrentes no mobiliário urbano ali colocado», disse o presidente do município, adiantando que o segurança permanecerá naquela artéria do centro da cidade até a autarquia ter luz verde das entidades competentes para instalar um sistema de videovigilância. Entretanto, esta quarta-feira o autarca reuniu com o comandante da PSP para que seja a polícia a assumir a vigilância e segurança na Rua do Comércio. Segundo Chaves Monteiro, se a PSP não puder assegurar esse serviço a autarquia avançará então para a contratação de um vigilante.

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