Sociedade

Antiga Casa da Legião vai acolher coleção Piné

Escrito por Jornal O INTERIOR

Câmara da Guarda vai transformar edifício em ruínas num museu de arte contemporânea, que deverá abrir portas no início de 2023 com acervo do antigo farmacêutico da Estação

A Câmara da Guarda vai comprar a antiga Casa da Legião, em frente à porta principal da Sé Catedral, para a transformar num museu de arte contemporânea que acolherá a coleção de António Piné. A aquisição, que custará ao município 260 mil euros, foi aprovada por unanimidade na última reunião do executivo, realizada na segunda-feira.

«É um edifício com 40 anos de abandono que vamos requalificar para lhe dar uma nova utilidade e com isso contribuir para a revitalização do centro histórico», disse o presidente do município aos jornalistas no final da sessão. Segundo Carlos Chaves Monteiro, esta solução resolve «dois problemas»: o do espaço degradado em frente à Sé e «dá um destino à coleção Piné». Para tal, a autarquia vai protocolar com a Associação Nacional de Farmácias a cedência deste acervo, onde figuram obras de pintura e escultura de alguns dos nomes mais sonantes das artes plásticas portuguesas e mundiais. «Esta coleção vai ser um trunfo importante na candidatura à Capital Europeia da Cultura», admitiu o presidente do município, que espera que o espaço renovado possa abrir ao público no início de 2023.

Até lá, será lançado o concurso para a elaboração do projeto de reabilitação da antiga Casa da Legião, que se pretende que seja também «uma obra de arte, num misto contemporâneo e clássico», acrescentou Chaves Monteiro. Cristina Correia, vereadora do PS, concordou com a compra, mas considerou o valor «alto demais». Na sua opinião, haveria outras formas de adquirir o imóvel, «nomeadamente através da expropriação, uma vez que os proprietários não fizeram as obras para evitar a ruína do edifício».

Também Sérgio Costa, eleito do PSD sem pelouros, votou a favor da compra, tendo recordando que a autarquia «tentou sempre adquirir o edifício» nos últimos anos. A coleção Piné é um dos acervos particulares que «melhor ilustram as correntes estéticas que caracterizaram a arte portuguesa a partir da segunda metade do século XX», refere o município. Dele constam obras de Cruzeiro Seixas, recentemente falecido, Paula Rego, Vieira da Silva, Júlio Pomar, Manuel Cargaleiro, Julião Sarmento ou Rui Chafes, entre outros, mas também Pablo Picasso, Salvador Dalí ou Miró estão representados neste acervo que António Piné, antigo farmacêutico radicado na Guarda, reuniu ao longo dos anos. Natural de Pinhel, o colecionador doou a sua coleção à ANF em 2008.

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