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Covilhã: “Carta Aberta à Consciência”

O poder é uma missão, um serviço público, e os eleitos devem responder pela confiança que lhes foi dada na hora do voto.

Opinião 

 

Hoje venho falar-vos da Covilhã. Na minha opinião… a cidade está parada, mas as pessoas que pararam no tempo, nem dão conta. A Covilhã não tem vida, mas as pessoas que adormeceram, nem dão conta. A Covilhã não tem projectos de futuro, mas as pessoas que se acomodaram, nem dão conta. A Covilhã não se desenvolveu, mas as pessoas que não a comparam com outras cidades, nem se dão conta. A Covilhã está entregue a uma facção política que gere empregos para a família e para os amigos, mas as pessoas que fecham os olhos, nem dão conta. A Covilhã é o Pelourinho, quando devia ser um concelho inteiro, mas as freguesias que se contentam com dois metros de alcatrão, nem dão conta.

Hoje, quero falar para os que não pararam no tempo, não adormeceram, não se acomodaram, não estão contentes com um palmo de brita e alcatrão, não fecharam os olhos ao que se passa à sua volta. Quero falar aos que comparando a Covilhã com outras cidades, perceberam com tristeza que vivemos num marasmo político que nos deixa atrasados em relação a outras cidades.

Hoje, quero falar aos cidadãos da Covilhã que estão activos, acordados, de olhos bem abertos, e preocupados com futuro, com o futuro dos filhos e dos netos, mas que, felizmente, querem permanecer e fazer vida na região. Quero recordar a essas pessoas que a Covilhã, já teve uma dimensão social, cultural e económica, que lhe permitiu liderar o interior, mas que agora se apagou.

Na minha opinião, a Covilhã é hoje uma cidade apagada.

Sobrevive da juventude e dinâmica da Universidade, de uma quantas empresas fortes que resistem e que persistem, da resiliência das pessoas que insistem em viver aqui, ter aqui o seu negócio, a sua família. Das pessoas que insistem – e bem – em amar a sua terra.

Hoje, quero falar para todos aqueles os que não pararam no tempo, não adormeceram, não se acomodaram. Para que despertem os que estão a seu lado, para que agitem e acordem os seus vizinhos, os seus amigos, as pessoas com quem tomam café todos os dias. Quero falar aos que têm os olhos bem aberto e sentido crítico apurado, para que falem com os familiares e companheiros de trabalho, e lhes digam que o tempo do “deixa andar” tem mesmo de acabar. Definitivamente, tem de acabar.

O poder não é um presente, pelo contrário, é o atribuir de uma grande responsabilidade. O poder é uma missão, um serviço público, e os eleitos devem responder pela confiança que lhes foi dada na hora do voto.

A Democracia é o poder do povo, mas o povo tem de responsabilizar a quem confia esse poder, tem de pedir satisfação aos eleitos, tem de ter capacidade crítica de os julgar.

Repito, na minha opinião, a Covilhã é uma cidade triste, apagada, um concelho adormecido. E creio que está na hora de alguém responder por isso… não concordam?

 

João Morgado 

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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