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Albuquerque Mendes regressa ao passado com exposição no Museu da Guarda

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Escrito por Sofia Pereira

Um dos grandes nomes da arte contemporânea portuguesa tem uma exposição no Museu da Guarda. Albuquerque Mendes inaugurou na semana passada a exposição “O frio da casa permanece no meu corpo”, que reúne uma seleção de obras do artista natural de Trancoso (1953).

Com curadoria de Paula Parente Pinto, a mostra está patente na Sala João Mendes Rosa até 13 de outubro e faz um «ponto de situação» entre a vida e a obra do artista plástico autodidata. Esta é a sua segunda exposição na Guarda – a primeira teve lugar no TMG em 2011 – e serve como retrospetiva, sintetizada num texto do próprio apresentado parcialmente numa parede do museu. Nele, recordando os anos 50 e 60 em Trancoso, Albuquerque Mendes «usa referências da sua aprendizagem, e do seu percurso artístico, para construir uma memória biográfica. Nada é mentira, tudo é uma construção mental. É neste caminho bidirecional, confundindo espaço e tempo, matéria e ideia, que a experiência escrita toma forma e pensamento», escreve, a propósito desta exposição, Paula Pinto.

A curadora explica que o texto funciona «como um labirinto, em que o pintor vagueia entre mundos à procura de imagens e experiências para transpor para a tela, superfície onde inscreve o seu percurso, de forma assumidamente atemporal e sem uma topografia precisa. As experiências transformam-se em imagens e vice-versa, as imagens inscrevem-se nas experiências». Nas dezenas de obras escolhidas para o Museu da Guarda está patente a criatividade e liberdade do precursor da performance arte em Portugal, que «transforma datas em pinturas, cores em palavras, paisagens em atos de censura, ultrapassa fronteiras», recorda Paula Pinto.

Albuquerque Mendes rumou a Coimbra para estudar e frequentar o Círculo de Artes Plásticas local. Influenciado pelo expressionismo, pela “bad painting” e pela herança dadaísta, integrou depois o Grupo Puzzle, um coletivo de artistas que, entre 1976 e 1980, procurava intervir no espaço urbano através de uma ação coletiva, lúdica e liberta de compromissos políticos. Em 1982, fundou com Gerardo Burmester a Associação de Arte – Espaço Lusitano no Porto. Em 2001 foi objeto de uma mostra retrospetiva intitulada “Confesso”, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Atualmente, vive e trabalha em Leça da Palmeira e é famoso pelas suas performances, pinturas e instalações, mas nenhum rótulo lhe assenta bem. Não é a primeira vez que Albuquerque Mendes está na Guarda. Por cá, no início do novo milénio, criou uma instalação para o museu e comissariou uma exposição coletiva de arte contemporânea da Fundação Cupertino Miranda no Paço da Cultura.

Sobre o autor

Sofia Pereira

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