O tritão-de-ventre-laranja, um pequeno anfíbio com cauda, pode estar em risco de desaparecer dentro de dez anos da Serra da Estrela, onde tem sido dizimado por um tipo de vírus, revela um estudo divulgado na semana passada.
Publicado na revista científica “Animal Conservation”, o trabalho tem como primeiro autor o investigador Gonçalo Rosa, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) da Universidade de Lisboa e do Instituto Zoológico de Londres, no Reino Unido. Citado num comunicado do cE3c, o investigador alerta que se o vírus em causa, uma estirpe agressiva de ranavírus que tem matado anfíbios na Serra da Estrela, não for mitigado, as populações de tritão-de-ventre-laranja «podem ficar em risco de extinção no espaço de dez anos». Para chegar a esta conclusão, Gonçalo Rosa e restante equipa desenvolveram projeções para esta espécie de anfíbio para os próximos 20 anos. Partindo dos modelos, mas considerando um cenário otimista em que há um cessar de surtos desta infeção, o especialista defende que a recuperação de espécimes de tritão-de-ventre-laranja, quando possível, «é severamente condicionada» pela mortalidade das fêmeas «a médio e longo prazo».
O primeiro surto de ranavirose (doença infeciosa causada por ranavírus) foi detetado na Serra da Estrela em 2011. Desde então, vários surtos têm afetado diversas espécies de anfíbios, em particular o tritão-de-ventre-laranja, acrescenta o cE3c. Com 65 a 90 centímetros de comprimento, este anfíbio é uma espécie endémica da Península Ibérica que se caracteriza pela coloração laranja da barriga.