Região

Saída da Covilhã da CIMBSE é «muito difícil»

Abrunhosa
Escrito por Efigénia Marques

Aviso é da ministra da Coesão Territorial quando confrontada com últimas declarações de Vítor Pereira. Rui Ventura e Paulo Fernandes também são contra e António Dias Rocha admite ponderar.

Vítor Pereira está isolado na pretensão de fazer sair a Covilhã, Belmonte e Fundão, que compõem a Cova da Beira, da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE).
Confrontada por O INTERIOR com esta intenção de cisão, a ministra da Coesão Territorial Ana Abrunhosa reagiu dizendo que será «muito difícil» concretizar-se e muito menos «a curto prazo». «A organização do território em NUTS III é algo cuja mudança não surge de um dia para o outro e não resulta só da mudança de um presidente de Câmara. Pelo que pude perceber, não tem o acompanhamento, em termos de vontade, dos outros autarcas», disse a governante, acrescentando que este não é um processo que possa ser alterado de um dia para o outro: «Isso implica que o Governo aceite e que isso tenha justificação em termos de organização do território. É preciso alterar a lei e ter parecer positivo do Eurostat, da Comissão Europeia, porque isso mexe com a organização administrativa do território», afirmou Ana Abrunhosa.
A ministra adiantou que vai abordar Vítor Pereira para perceber o que se passa. «Poderá ter sido um desabafo, até porque tenho o presidente da Câmara da Covilhã como homem de extremo bom senso», referiu. Por sua vez, Paulo Fernandes, edil reeleito do Fundão, prefere juntar as duas comunidades intermunicipais da Beira Interior do que sair da CIMBSE. «Atualmente, até depois de vermos os Censos, a necessidade de escala, as infraestruturas rodo e ferroviárias estarem cada vez mais associadas à Beira Interior, haver uma universidade, politécnicos, hospitais e centro hospitalar, etc… Parece-me que estão reunidas condições como nunca para ganharmos mais escala», disse o autarca. De resto, o social-democrata considera que «o plano da CIMBSE está muito bem alinhado com os interesses estratégicos do Fundão», por isso, «mais do que questões administrativas, temos que nos moldar pelas ideias, pela visão, pela estratégia».
«Ninguém obriga o Fundão que não sejam os seus órgãos autárquicos, é o único concelho que tem contiguidade com as duas CIM, outros poderão ter essa dificuldade», constata Paulo Fernandes, para quem o importante é a CIMBSE fazer «uma aproximação» à CMBB nos próximos dois anos. Já António Dias Rocha, autarca de Belmonte, reage dizendo que o tema tem que ser «muito bem ponderado, refletido», tendo em conta a experiência «destes anos todos» na CIMBSE. «Gosto muito da Cova da Beira, que deve ter a sua dinâmica própria, mas é preciso analisar», declarou a O INTERIOR.
Mais veemente foi Rui Ventura. O presidente da Câmara de Pinhel classifica as declarações de Vítor Pereira de «lamentáveis». «A Covilhã faz falta a este projeto num todo, mas naturalmente quem não está bem tem que se mudar.
É uma questão que a Covilhã tem que discutir, o que é lamentável é que ainda nem tomámos posse, nem nos sentamos à mesa, e já está a falar numa situação destas», critica. «Pelo que me parece, a vontade de sair é muita mas nós cá estaremos para trabalhar e queremos que a Covilhã continue na CIMBSE a trabalhar connosco», acrescentou, dizendo-se também defensor da junção da Beira Alta e da Beira Baixa. «Há muito para discutir, mas o que é lamentável é discutir isto na praça pública antes de o fazer com os colegas», disse ainda Rui Ventura.

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Efigénia Marques

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