Região Reportagem

Retoma do turismo na região faz-se com portugueses

Escrito por Jornal O Interior

Hotéis e alojamentos locais revelam ainda incerteza, mas dizem que a taxa de ocupação não difere muito dos anos anteriores. Reservas são agora feitas «à última hora» e a maioria dos clientes são nacionais

Agosto não é sinónimo de lotação esgotada este ano, mas trouxe algum alento ao setor turístico da região. Hotéis e alojamentos locais têm taxas de ocupação sempre superiores a 50 por cento sendo a maior parte das reservas feitas perto da data de estadia.

No alojamento local Cabeço das Fráguas, na Guarda, há «muito menos estrangeiros» e «alguns emigrantes», embora menos do que nos anos anteriores, afirma Vítor Marques. O proprietário diz que a taxa de ocupação «é mais ou menos a mesma» que em 2019, rodando os 80 por cento em julho e agosto, só que atualmente as reservas são feitas com muito menos antecedência. «Os clientes não fazem reservas para daí a dois ou três meses, como faziam antes», diz o responsável, que assume não conseguir prever como a situação irá evoluir nos próximos meses. Também na Casa da Almoinha, em Unhais da Serra (Covilhã), as marcações são feitas «em cima da hora», confirma Margarida Carvalho, proprietária do espaço que abriu ao público no dia 1 de junho. A responsável refere que «a projeção [de faturação] que foi feita não tem nada a ver» com a realidade atual, mas diz sentir que a procura está a aumentar no interior. «Tenho sido contactada para alugar a grupos, coisa que não me sinto confortável», devido às restrições impostas pela Covid-19. Além disso, «percebe-se que a clientela são pessoas que não estão habituadas a vir para estes sítios [rurais]».

João Paulo Fazenda, dono do Paço 100 Pressa Bed & Breakfast, na Covilhã, adianta que neste momento a ocupação é aproximadamente «metade da do ano passado». O espaço esteve «a zero» durante o confinamento, altura em que cessou completamente a atividade. Agora o responsável diz ver o «copo meio cheio», pois, apesar de registar uma diminuição da taxa de ocupação face ao ano passado, assume-se «muito satisfeito» com a atividade na área da restauração, que aumentou cerca de 40 por cento. «Acho que temos beneficiado por termos um espaço significativo ao ar livre», declara. A maior diferença diz respeito aos clientes internacionais, que são em menor número face aos nacionais e locais. João Paulo Fazenda acredita que agosto vai ser «um mês claramente muito bom», uma vez que as reservas de última hora continuam a surgir, mas não tem o mesmo otimismo para os meses que se seguem. «Não há planeamento estratégico, estamos todos a reagir, ninguém está a gerir», assume.

Portugueses estão a «redescobrir» a Serra da Estrela

«Todos os dias a ocupação vai subindo um bocadinho», pois, embora em 2019 houvesse «mais reservas no início deste mês», estas são agora feitas «à última da hora», o que deixa antever um aumento face ao ano transato. Esta é a perceção de Carlos Santos, diretor-geral dos hotéis Luna, que fala mesmo num aumento de 6 por cento na taxa de ocupação do hotel Serra da Estrela e de 5 por cento nos chalés em julho face ao mês homólogo do ano passado. O responsável diz que, apesar deste ano não haver eventos marcados – casamentos, batizados, bailes de finalistas –, a receita mantém-se, já que «o aumento da procura permite o aumento de preço», que mesmo assim diz ser «o mais baixo de todos».

A Pousada Serra da Estrela, no antigo Sanatório dos Ferroviários, reabriu a 17 de julho e regista uma taxa de ocupação de cerca de «80 por cento para o mês de agosto, com uma ligeira tendência de subida», segundo Pedro Pinto. O diretor da unidade concessionada ao grupo Pestana – eleita na semana passada o sexto melhor hotel para famílias em Portugal pelo Travellers’ Choice – refere que aqui os clientes são, na maioria, portugueses e espanhóis, que reservam estadias entre quatro a cinco dias. A procura não é necessariamente superior à de agosto de 2019, mas há clientes – sobretudo nacionais – que «estão a redescobrir o interior do país», garante o responsável. «Vai levar o seu tempo até termos os resultados que se pretendem», mas até lá o cenário «é bom, no sentido em que as pessoas que não vinham para estes sítios» passam agora a conhecer a região. 

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