Covid-19 Região

Quem entrar em Portugal vai ter de ficar em isolamento durante 14 dias

Escrito por Luís Martins

Municípios do distrito da Guarda estão a apelar aos seus emigrantes e residentes noutras zonas do país para que não regressem às suas terras de origem ou para cumprir o isolamento voluntário se o fizerem

Quem entra em Portugal vai ter de ficar em isolamento profilático durante 14 dias. A medida, que entrou em vigor esta semana, foi anunciada pela diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, mas foi antecedida por apelos de vários municípios da região para que os seus concidadãos emigrados ou a residir noutras zonas do país não regressem às suas terras de origem ou, se o fizerem, que cumpram os 14 dias de isolamento voluntário.

Esta medida já foi adotada pelas autarquias de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Mêda, Pinhel, Sabugal, Trancoso e Vila Nova de Foz Côa, que têm usado as suas páginas na Internet e as redes sociais para partilhar esta recomendação. O objetivo é proteger os seus residentes, sobretudo os idosos, «um dos grupos mais vulneráveis à Covid-19», e travar a propagação da pandemia evitando contactos que potenciem o contágio. No caso de Celorico da Beira, a Câmara apela à «melhor compreensão» de todos para que «eventuais “regressos” não coloquem em causa a saúde pública do concelho» e recomenda a quem tenciona regressar que cumpra de modo «voluntário e responsável» o isolamento social de 14 dias recomendado pelas autoridades de Saúde. A mensagem é idêntica na Mêda e Pinhel, que lembra que na luta contra o coronavírus é «fundamental evitar contactos que potenciem o contágio».

«Na certeza de que todos somos agentes de saúde pública, o município pede aos emigrantes/ pinhelenses residentes noutras zonas do país que eventualmente regressem a Pinhel que cumpram de modo voluntário e responsável o isolamento social recomendado de 14 dias», alerta a autarquia. No Sabugal, que possui uma das maiores comunidades de emigrantes da região, o alerta vai no sentido de lembrar «os cuidados e obrigações» a que estão sujeitos quem vem de fora do concelho raiano. «Somos uma região envelhecida e dada a fragilidade e o risco dos mais idosos, todos os cuidados são poucos para controlar o alastrar da pandemia». A autarquia aproveita também o ensejo para recordar os residentes dos cuidados a ter «na higiene (lavar com frequência as mãos), evitar contactos e deslocações não urgentes e necessárias», concluindo que «a melhor vacina é o comportamento responsável de todos».

Em Trancoso e Vila Nova de Foz Côa há a mesma preocupação com a pandemia da Covid-19, que impõe a adoção de medidas de prevenção, contenção e mitigação, para controlo a propagação do coronavírus. Nesse sentido, as respetivas autarquias aconselham «todas as pessoas que trabalhem noutros pontos do país ou no estrangeiro que, se possível, se mantenham na sua residência habitual nas próximas semanas, dado que a mobilidade geográfica é um foco de propagação da Covid-19». Mas quem, «por motivos de força maior», tenha que regressar ou regressou desde o início do mês deve abster-se «de contactos sociais, tenha uma atenção redobrada aos principais sintomas (tosse seca, febre, dificuldade respiratória, dores musculares, cefaleia (dor de cabeça), mantenha-se em suas casas e cumpra o período mínimo de quarentena».
A Câmara de Fornos de Algodres também pediu aos seus emigrantes e a quem vive e trabalha noutras zonas do país para não se deslocarem ao concelho. «Neste momento desafiante para os portugueses, todos devem ser solidários e estar conscientes de que tem de se cumprir obrigações», avisa a autarquia numa publicação na sua página do Facebook. A edilidade, através dos presidentes das Juntas de Freguesia, está também a contactar os motoristas de transportes de mercadorias oriundos do concelho para saber de onde vêm com o objetivo de fazer «algum rastreio».

Autoridades vão ter lista das pessoas obrigadas a quarentena

As forças e serviços de segurança vão dispor de uma listagem diária das pessoas que são obrigadas a ficar de quarentena devido à pandemia da Covid-19, anunciou a Associação Profissional da Guarda (APG/GNR).

Segundo César Nogueira, presidente daquela entidade sindical, a Direção-Geral da Saúde (DGS) vai elaborar uma lista que terá os contributos das forças e serviços de segurança e que estará disponível para todos de forma a controlar quem não cumpre as medidas do estado de emergência. «Quem vem do estrangeiro, por exemplo, é abordado pela GNR e tem de ficar em quarentena. É feita a identificação da pessoa e notificada do comportamento que tem de cumprir, mas caso ela quebre o isolamento obrigatório e seja encontrada na rua, já temos de agir», sublinhou o dirigente. A lista de pessoas será fornecida pela DGS, mas também pela PSP, GNR e Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), as forças que estão no terreno a fiscalizar o cumprimento das medidas do estado de emergência estipuladas para combater a pandemia pelo novo coronavírus.

Caberá às forças de segurança fiscalizar as pessoas que ficam em «confinamento obrigatório» nos hospitais ou nas residências, designadamente os doentes com Covid-19 ou que estejam sob vigilância ativa. Caso alguém infrinja as normas determinadas pelo decreto-lei é acusado do crime de desobediência, cuja moldura penal é de um ano de cadeia ou 120 dias de multa.

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Luís Martins

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