Região

Quebra nos levantamentos no multibanco ascenderam a 2,4 milhões de euros em abril no nordeste da Beira

Escrito por Jornal O Interior

O efeito devastador da pandemia provocou prejuízos graves na economia regional. De acordo com a AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira, em abril foram levantados no multibanco menos 2,4 milhões de euros face ao ano passado, um indicador que ilustra, entre outros fatores, «a perda de poder de compra» e a «falta de população» no território

Não é ainda possível contabilizar exatamente as perdas que a Covid-19 provocou na economia regional, mas há alguns indicadores que começam a dar pistas sobre esse impacto. Um deles é o valor de compras e levantamentos efetuados em caixas multibanco que, de acordo com Tomás Martins, presidente da direção AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira, registou quebras abruptas face ao ano passado.

O responsável conta que, nos sete concelhos «a norte da A25 – Trancoso, Aguiar da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Pinhel, Fornos de Algodres e Mêda – foram levantados menos 2,4 milhões de euros em abril face ao período homólogo do ano passado. Também neste mês houve uma quebra de 906.671 euros nas compras efetuadas por multibanco. Em maio estes valores foram de menos 1 milhão e 57 mil euros (levantados) face a 2019 e menos 546.432 euros em compras. Para junho ainda não há dados, mas, segundo o dirigente, «apesar de haver uma melhoria, isto não vai ser, nem de perto, nem de longe, o que foi a realidade do último ano». Tomás Martins aponta como motivos para estas quebras, além do confinamento, a «falta de confiança dos consumidores», a perda de poder de compra, a «falta de população» na região (sobretudo visitantes), que também é consequência da «falta de eventos».

No que toca aos prejuízos dos empresários e produtores locais não é ainda conhecido o universo das perdas, mas as quebras situam-se «acima dos 60 por cento em todos os setores» com exceção da grande distribuição, assegura o responsável. Na região de intervenção da AENEBEIRA houve, desde o início da pandemia, «alguns despedimentos» que foram limitados devido às regras impostas a quem beneficia do regime de “lay-off” simplificado. Tomás Martins adianta que «cerca de 50 por cento» das empresas locais com contabilidade organizada e trabalhadores contratados recorreram a este regime para minimizar as perdas. «Vamos viver tempos dramáticos», alerta o dirigente empresarial, que se assume preocupado com a subsistência do comércio local.

Tomás Martins critica também o Plano de Recuperação Económica elaborado para o Governo por António Costa Silva porque «ignora a componente social» do comércio tradicional – caracterizado pela proximidade –, algo que diz ser de grande importância para a subsistência dos negócios. O presidente da AENEBEIRA contesta também as medidas pensadas para o interior, afirmando que deveriam ir mais longe: «Era importante ter IVA’s reduzidos numa série de bens para fomentar a economia circular», assim como «devia ser reduzido o valor do Pagamento Especial por Conta» para beneficiar as micro e pequenas empresas. «Ninguém olhou para os números», lamenta Tomás Martins.

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