Região

Produtores da Beira Interior esperam boa campanha vitivinícola

Pinhel Vinhas
Escrito por Efigénia Marques

Quantidade e qualidade dos vinhos deste ano deverão ser bastante semelhantes à época passada, mas tudo vai depender das condições meteorológicas dos próximos dias

A campanha das vindimas deste ano já começou em toda a Beira Interior. Apesar de algumas sub-regiões terem começado mais cedo que outras, como é o caso da zona da Cooperativa do Fundão, que começou a receber uvas no dia 31 de agosto, há algo em que todos estão em sintonia: é a qualidade e quantidade de uvas e de vinho que cada uma vai receber. De forma geral, todos esperam uma boa época vitivinícola.
Em comparação com o ano passado, a qualidade e quantidade «será semelhante, talvez um pouquinho mais, mas nada de muito significativo», revela Joaquim Gamboa, vice-presidente da Cooperativa Agrícola Beira Serra, em Vila Franca das Naves (Trancoso). As vindimas começaram na passada quinta-feira e «a qualidade, até ao momento, é boa. A chuva que veio atrasou a maturação, mas em termos de qualidade ainda não estragou», porém o responsável reconhece que «poderá vir a ter alguma influência nos brancos». Isto porque as chuvas da última semana ajudaram em certos aspetos, pois «o bago acabou por inchar e ficar mais completo, mas também já chega. A que vier agora só virá prejudicar», acrescentou Joaquim Gamboa. A cooperativa tem cerca de 300 a 400 associados e espera, este ano, receber cerca de três milhões de quilos de uvas.
António Madalena, presidente da Adega do Fundão, confessa que prevê «receber mais uvas que no ano passado». Já a qualidade esperada estima-se que «seja muito melhor» e não haverá distinção de castas, pois tinto e branco estarão equivalentes. O dirigente também considera que as primeiras chuvas de setembro foram benéficas. «Começámos a receber uvas a 31 de agosto com boas maturações e massas bímicas, tivemos agora este interregno por causa das chuvas, mas já voltamos a receber uvas. Se as chuvas continuassem, aí sim, poderiam vir as podridões, mas como foram chuvas muito concentradas e depois veio o bom tempo que faz com que seque, não se deram problemas de maior», justifica António Madalena. A Adega Cooperativa do Fundão tem 600 associados, mas este ano espera que apenas 400 entreguem uvas, o que equivale a 1,2 milhões de quilos. Ainda não há previsão de fecho, «mas as vindimas irão até outubro», adianta.
No concelho de Pinhel, o produtor Aforista tem expetativas altas para os seus vinhos. «Acho que vamos ter vinhos bons. No geral, a quantidade vai ser mais ao menos igual à dos outros anos, isto se não se estragar nada até ao fim da vindima com algumas trovoadas», garante Daniel Cavaleiro, um dos sócios responsáveis pelo projeto. Rodolfo Queirós, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), informa que as vindimas já começaram, «nomeadamente na sub-região da Cova da Beira e nalgumas situações na sub-região de Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo, em algumas castas mais especificas, nomeadamente brancos já foram vindimados. Mas a partir da semana passada é que se começou mais em força, principalmente em adegas cooperativas».
No que toca a qualidade, o responsável disse esperar ter um ano bom: «Tivemos umas chuvas que foram muito boas, porque as uvas estavam em demasiado stress hídrico e por isso foi boa para repor alguns teores de humidade e ajudar a que a maturação terminasse de uma forma mais equilibrada», explica o também engenheiro agrícola. O facto de não terem existido «grandes doenças» nas vinhas também contribuiu para que o «ano corresse de feição», acrescenta Rodolfo Queirós. «Em termos de quantidade esperamos que seja um ano muito semelhante ao anterior, por volta do 25 milhões de quilos, o que equivale a 22 milhões de litros de vinho», contabiliza.
O presidente da CVRBI não consegue destacar um tipo de vinho que terá melhor qualidade, pois a Beira Interior é uma região «muito heterogénea, que está dividida em três sub-regiões – Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e depois a parte sul. E não é por acaso que isso acontece, é porque os climas são diferentes de uns sítios para outros, alguns solos são diferentes, algumas castas são diferentes e, portanto, é difícil dizer se o ano é melhor para brancos ou para tintos, porque hoje em dia com o conhecimento que há da viticultura e da enologia, quando se vai a vindimar já se sabe de antemão as uvas que temos e qual o melhor momento para colher Síria, Touriga Nacional…».
Apesar de existirem três sub-regiões na CVRBI, a qualidade espera-se equivalente entre todas: «Pelo “feedback” que fui tendo, quer dos produtores privados quer das cooperativas, a qualidade parece ser uma realidade e por isso tudo aponta para que seja um ano de vinhos excelentes», acredita Rodolfo Queirós.

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Efigénia Marques

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