Região

Novo fôlego para as “Águas de Radium”

Escrito por Jornal O Interior

António Lopes, proprietário do antigo complexo termal, diz a O INTERIOR que o projeto para a criação de uma unidade hoteleira nas míticas ruínas está a ser atualizado. A ideia é recorrer a parcerias e fundos europeus para concretizar o projeto, que implica um investimento «na casa dos 45 milhões de euros».

O projeto desenhado para requalificar as míticas “Águas de Radium” está a ser repensado. As ruínas localizadas nos limites da freguesia de Sortelha (Sabugal) têm agora um novo fôlego para concretizar a tão anunciada unidade hoteleira de 136 quartos. A garantia foi dada a O INTERIOR pelo proprietário, António Lopes.

O empresário adianta que o projeto – elaborado na década de 90 do século passado – «esteve aprovado», mas agora carece de alterações, nomeadamente no que respeita à componente ambiental. A intenção, segundo António Lopes, era construir naquela área «um hotel [com 136 quartos], um campo de golfe e 146 “bungalows”» de diversas tipologias, mas o campo de golfe foi desaconselhado por um especialista devido à natureza rochosa do solo, que iria exigir grandes quantidades de água para manter o relvado. Este pormenor representava um grande custo, o que tornava a ideia pouco viável economicamente. Por este motivo, e por falta de financiamento, o projeto não avançou. «Fiquei à espera de encontrar alguém para fazer uma parceria, mas as coisas não evoluíram», acrescenta o empresário natural do concelho da Covilhã.

Mais de duas décadas depois o empreendimento está a ser repensado, de forma a relançar a requalificação do antigo complexo de águas termais radioativas. A ideia base – de hotel e “bungalows” – mantém-se, mas já não haverá campo de golfe. «Do Turismo de Portugal continua a haver toda a abertura para que o projeto se faça», garante António Lopes, para quem a «a solução financeira está mais ou menos encontrada».

O proprietário do espaço não quer entrar em detalhes, mas revela que, em parte, o financiamento irá passar por uma candidatura a fundos europeus. «O que poderá acontecer é o projeto ser feito por fases», explica, admitindo que possa avançar primeiro a unidade hoteleira, com uma «componente de saúde» ligada à «vertente das características da água». Mais tarde seriam adicionados os 146 “bungalows” «de v2 a v5 [dois a cinco quartos]», sendo que os v4 e v5 «terão piscina privada», desvenda.
Inicialmente, o orçamento «andava na casa dos cinco milhões de contos, que hoje, transformados em euros e com o índice de inflação, temos uma estimativa que andará na casa dos 45 milhões de euros para o projeto todo [incluindo “bungalows”]». Só a construção do hotel «andará nos 10 a 12 milhões de euros», acrescenta o empresário, que diz querer lançar o empreendimento, mas depois manter-se «um bocadinho à distância». «Vou arrancar com uma equipa técnica» para tomar conta da gestão, «que é quem está a desenvolver isto tudo», explica. A sua expetativa é que o licenciamento «seja relativamente rápido, pois, no fundo, só terão que ser analisadas as eventuais alterações de legislação que possa ter havido».

Nova unidade «de requinte» projetada para a Covilhã

O empreendimento das “Águas de Radium” é apenas uma parte dos projetos de António Lopes para a região. A O INTERIOR o empresário revelou que vai investir num novo hotel «de requinte», desenhado para um terreno «na entrada da Covilhã, ao pé da Adega», que detém. A unidade irá inserir-se no contexto de floresta com «aproximadamente um hectare» que o circunda. Este empreendimento, pensado para ter «um nível de sofisticação elevado», terá 200 quartos e envolve um investimento de «10 milhões de euros, mais coisa menos coisa». Este número é, no entanto, uma «estimativa, para já».

António Lopes afirma que «na componente hoteleira temos três grandes coisas [projetadas] aqui na zona», mas não revela a terceira, pois «é muito grande e tem muitas condicionantes». Todos os projetos estão a ser pensados pela mesma equipa de gestão, de forma agregada, segundo o empresário, que se escusou a revelar se isso significava a associação a um grupo hoteleiro que já opera no mercado.

Se tudo correr conforme planeado e após o licenciamento, António Lopes estima «levar entre 18 meses a dois anos a acabar as obras» em ambos os empreendimentos (da Covilhã e Sortelha). «A única questão que pode levar a que isto não aconteça é a situação [de pandemia] que estamos a viver», que gera alguma incerteza. «É prudente que haja alguma calma», considera o empresário.

 

Sobre o autor

Jornal O Interior

Leave a Reply