Para festejar o São João, na localidade dos Forcalhos, no concelho do Sabugal, os residentes apanham o rosmaninho e fazem uma boneca para enfeitar o pinho que é queimado no dia 24 de junho.
É Paula Manso, residente na aldeia, que conta a O INTERIOR que, na noite do último sábado, para além da grande fogueira, houve uma «mais pequena e as pessoas tiveram de saltar por cima, senão dá azar». O São João teve comeres, beberes e muito bailarico, tendo sido feita a “queimada”, uma bebida feita «à base de aguardente, fruta, grãos de café e açúcar amarelo. Para a “queimada” funcionar tem de ser feita uma reza que só alguns conhecem». Segundo Eduardo Veloso, natural dos Forcalhos, «esta reza das bruxas para as almas serem salvas é uma forma de passar a noite de São João na aldeia», que conta atualmente cerca de 40 habitantes, pelo que «é preciso aproveitar estas atividades para não deixar morrer as aldeias do interior».
Uma ideia partilhada por Isabel Isidro, mordoma da festa, segundo a qual «há muita população que emigrou para França e os filhos já dificilmente vêm aos Forcalhos com regularidade». A residente na Guarda adianta que comprou uma casa «há sete anos» na aldeia raiana por ter sido «amor há primeira vista». Depois de viver nos Forcalhos, Isabel Isidro diz estar «enraizada». «Os nossos filhos ganharam tios e avós. Somos filhos da terra e não há festa que se faça sem nós», garante a mordoma a O INTERIOR. Apesar de não ser natural da pequena aldeia, que alguns dizem ser conhecida como o “centro do mundo”, a mordoma acrescenta que «como estamos mais perto, vimos com mais regularidade aos Forcalhos e esforçamo-nos para manter as tradições da localidade».
Na noite do último sábado houve «sardinha, entremeada, expiação dos males com a “queimada” e fizemos também a recriação de uma tradição antiga que os mais jovens não conheciam», destaca Isabel Isidro.
Sofia Pereira
