O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não conseguiu estar presente na inauguração da sétima edição do “Beira Interior – Vinhos & Sabores”, como estava planeado. Mas depois de cumprir a agenda e de ter recebido “Lula” da Silva, presidente brasileiro, e Filipe Nyusi, presidente de Moçambique, rumou a Pinhel onde visitou o certame.
«Fiz muita questão de estar cá, um bocadinho atrasado, mas fiz a mesma prova, só que mais tarde e mais rápida e não tão desenvolvida como gostava de fazer», lamentou o Chefe de Estado em declarações aos jornalistas após ter percorrido todos os stands do evento. «Pude verificar a qualidade dos sabores e também a qualidade excecional dos vinhos, que tem vindo a melhorar», acrescentou, dizendo que esta qualidade «é uma forma de projeção do nosso país, dentro e fora dele, e Pinhel e a Beira Interior dão o exemplo». Quanto à organização da feira, Marcelo Rebelo de Sousa afirma mesmo que «é das melhores que há». «O grande sucesso deste certame é a forma como foi concebido o espaço para convívio», considerou. Quanto à possibilidade de regressar na inauguração da Feira das Tradições e Atividades Económicas, o maior evento de Pinhel, o Presidente da República não escondeu o desejo de vir, «pois isto é uma visita muito curta e quando se gosta de um município, de uma região, de autarcas como aqueles que estão à frente dos municípios desta região, naturalmente nós queremos estar com as pessoas de quem gostamos. E do povo gosto ainda mais do que dos autarcas, por isso tenho que cá voltar», garantiu.
Durante a inauguração, Rui Ventura, presidente da Câmara de Pinhel, fez questão de valorizar todos os produtores de Pinhel e da Beira Interior. Na sua opinião, a valorização e a pontuação que os vinhos da região têm recebido em concursos são o reflexo daquilo que «os autarcas têm trabalhado pelo território, pelas pessoas que todos os dias, e às vezes com muita dificuldade, com prejuízo, trabalham a terra. Há grandes produtores, há pequenos produtores, mas trabalham e temos um privilégio que é conseguir com que esse trabalhar da terra faça com que não esteja abandonada, que não haja incêndios, tudo isso contribui para o pretendemos no nosso território», salientou o edil.
Para Rodolfo Queirós, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), «as exportações estão muito bem. O ano passado tivemos um crescimento de mais de 48 por cento e, este ano, estamos a esse nível. Neste momento 28,6 por cento dos vinhos da Beira Interior são para exportação». O responsável acrescentou que este crescimento sustentável deve-se à união: «Estamos a todos a trabalhar com o mesmo intuito. Temos feito alguma promoção a nível nacional e temos feito também alguma promoção internacional», destacou.
A sétima edição do “Beira Interior – Vinhos & Sabores” decorreu este fim de semana, no Centro Logístico de Pinhel, onde estiveram presentes 27 produtores de vinhos, 23 produtores de produtos endógenos e três restaurantes. No concurso “Escolha da Imprensa” a Quinta dos Termos, do concelho de Belmonte, venceu na categoria de Melhor Tinto, com o vinho Talhão da Serra Rufete Beira Interior Reserva 2019. O melhor branco é o Aforista Beira Interior Colheita Seleccionada 2019, vinho pinhelense. Nos espumantes, o primeiro prémio foi atribuído ao Exilado Bruto Natural Beira Interior Grande Reserva 2015, da Vinumnostrum. E nos Rosados ficou em primeiro lugar o Pinhel Terras da Beira 2021, da Adega Cooperativa de Pinhel.
Região do Douro recebeu estatuto de “Cidade do Vinho” em Pinhel
Pinhel foi “Cidade do Vinho” durante três anos devido à pandemia. E, por isso, foram muitas as atividades de divulgação dos vinhos pinhelenses promovidas pelo município. Porém culminaram este sábado com a gala de encerramento de Pinhel Cidade do Vinho 2020-2022.
Na gala de passagem de testemunho, inserida no “Beira Interior – Vinhos & Sabores”, Rui Ventura fez um balanço positivo desta iniciativa. «Foi um orgulho para Pinhel defender este título a que concorremos e perdemos numa determinada altura. Mas depois conquistamos no Peso da Régua. O percurso parecia fácil, mas foi difícil fruto da pandemia, mas também tivemos a felicidade de ter, por parte da AMPV, a compreensão de que não conseguíamos executar aquilo que estava previsto quando nos candidatamos», sublinhou. Com o encerramento desta iniciativa, o autarca pinhelense garantiu que o trabalho não fica por aqui, «vamos continuar a trabalhar na qualidade dos vinhos da Beira Interior de uma forma resiliente».
Resiliência essa que, para o edil, vem dos produtores e que se espelha nos vinhos de Pinhel. «O vinho tem um valor sentimental, aquele que o avô deixou nalguns arretos, e as pessoas teimosamente continuam a tratar essa meia dúzia de arretos. Que o pai deixou um hectare e que teimosamente não pensando muitas vezes nos custos, mas continuam a tratar. Temos pequenos e grandes produtores, mas esse valor sentimental é aquilo que Pinhel quer levar quando leva o seu vinho não só nacionalmente, mas internacionalmente», justificou Rui Ventura. A Região do Douro assume agora o estatuto de “Cidade Europeia do Vinho” 2023. Foi José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara do Peso da Régua, que apresentou a candidatura apresentada pelos municípios da CIM Douro. «Foi um dos maiores desafios coletivos que o Douro já assumiu em toda a sua história, materializando a vontade de um território», afirmou o autarca.
Carina Fernandes
