Região

Mais gravuras rupestres descobertas no Vale do Côa

Escrito por Luís Martins

Trabalhos arqueológicos no sítio da Penascosa revelaram rocha com gravuras mais recentes que a arte do Côa, que tem 25 mil a 28 mil anos

Há uma nova rocha com gravuras rupestres no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), em Vila Nova de Foz Côa. A descoberta foi feita por uma equipa de arqueólogos no sítio da Penascosa, um dos mais visitados do Vale do Côa, e foi uma verdadeira surpresa para os especialistas porque é mais recente que a arte do Côa.
Segundo os investigadores, as gravuras reveladas têm um estilo que será mais característico de fases mais recentes do Paleolítico Superior, com uma idade de 18 mil a 12 mil anos, do que os da maioria das rochas do sítio, que têm 25 mil a 28 mil anos. «O sítio da Penascosa foi um dos primeiros a ser descoberto, em 1995. O objetivo destas sondagens foi encontrar vestígios contemporâneos das gravuras e acabámos por encontrar uma gravura mais recente, o que demonstra o potencial arqueológico deste lugar», declarou Thierry Aubry, arqueólogo da Fundação Côa Parque. Para este especialista na Arte do Côa, a descoberta revela «não só a riqueza da arte rupestre de um dos sítios mais visitados do Vale Côa, como confirma a importância da continuação de trabalhos arqueológicos, mesmo em locais que se julgam muito bem estudados ou conhecidos».
Este achado carece ainda de interpretação e leitura por parte dos especialistas em arte rupestre. «Temos de terminar as sondagens, que se vão prolongar por mais uns dias, para podermos encontrar o contexto arqueológico em que a nova descoberta está inserida, situada num período mais moderno, face ao que caracteriza o PAVC», acrescentou Thierry Aubry. Para o presidente da Fundação Côa Parque, as descobertas de mais gravuras rupestres no Vale do Côa confirmam um «novo dinamismo» e uma nova aposta na área da investigação no parque arqueológico e Museu do Côa. «Depois de no ano passado termos ficado a saber dos importantes vestígios da presença do Homem de Neandertal, no sítio da Cardina, este ano, em que se assinala o vigésimo aniversário da classificação da Arte do Côa como Património da Humanidade, é muito gratificante e estimulante perceber que, mesmo num dos sítios mais conhecidos do parque arqueológico, é possível continuar a descobrir novas manifestações artísticas do passado pré-histórico», considerou Bruno Navarro.
«Estamos a trabalhar para que os próximos anos sejam anos de grande atividade na investigação científica, em cooperação com as universidades e os institutos politécnicos, não apenas na área da arqueologia, mas também noutros campos do conhecimento, direta ou indiretamente relacionados com o imenso património cultural e natural que existe neste território», acrescentou o responsável. Inaugurado a 10 de agosto de 1996, o PAVC abrange um território de 20 mil hectares nos concelhos de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Pinhel.

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Luís Martins

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