Região

Jovem empreendedor cria marca amiga do ambiente na Covilhã

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Escrito por Efigénia Marques

“Ingratas” é uma marca de roupa sustentável e, por cada peça comprada, é plantada uma árvore na Serra da Estrela

João Martins é o nome do jovem empreendedor de 24 anos, criador da “Ingratas”, uma marca de roupa sustentável. É natural de Penha Garcia (Idanha-a-Nova), no distrito de Castelo Branco, mas foi na Covilhã, enquanto tirava a licenciatura em Engenharia Eletromecânica na Universidade da Beira Interior, que tudo começou.

«As “Ingratas” surgiram numa noite académica, em que tive uma situação menos positiva e cheguei junto dos meus amigos e disse algo do género “são todas umas ingratas” e eles acharam um piadão. A partir daí essa expressão ficou. Entretanto, eles propuseram-me fazer umas “t-shirts” e confesso que, inicialmente, até desprezei a ideia, mas depois lá me convenceram», recorda o empreendedor, que decidiu registar a marca e fazer «uma coisa em condições». Assim nasceu a “Ingratas”, em 2019, e com ela a vontade de a tornar uma marca diferente. O facto de estar na Covilhã e de ter conhecimento da contínua desflorestação da Serra da Estrela levaram João Martins a criar uma marca sustentável e amiga do ambiente.

«À medida que ia compensando, de certa forma, as emissões por cada peça, pois o setor da moda é um dos mais poluentes do mundo, decidi também reflorestar a serra. A preocupação recai um pouco na escolha dos materiais, sendo que tenho a obrigação de usar, por exemplo, algodão orgânico e polyester reciclado», exemplifica o jovem criador. Assumido este desafio, surgiu depois uma parceria com os “Guardiões da Serra da Estrela”, que fazem de intermediários para o terreno onde se realiza a plantação, como aconteceu na última ação desenvolvida, onde foram plantadas cerca de 140 árvores. «Só conseguimos plantar árvores no início e no fim do ano, que é quando é possível, até porque a probabilidade de elas vingarem é maior. Vamos vendendo durante o ano e quando temos um número mínimo acordamos com as associações, oferecemos as árvores e vamos plantar para o terreno», refere João Martins.

Apesar deste não ser um trabalho a tempo inteiro, o jovem empreendedor considera que «a energia» que dedica ao projeto tem sido «bem recompensada». No entanto, há ainda algumas lutas a travar, como, por exemplo, o combate ao “fast fashion”, um consumo rápido de moda que leva a um maior número de emissões prejudiciais para o planeta: «Quando apresento uma marca que vai contra isso, ou seja, “slow fashion”, eu não tenho as ditas “modas” ou “coleções” como a maior parte das marcas têm, de consumo rápido, e essa desconstrução é um bocadinho mais difícil para a marca. As pessoas vão comprando, mas é um processo gradual, vamos tendo algumas vendas e também nos vamos ajustando a nível de marketing e de produtos, mas apesar de tudo, e até ver, os resultados têm sido muito positivos», garante João Martins.

Recentemente foi lançado um site da “Ingratas” para venda online, que até aí era feita essencialmente através do Instagram ou Facebook. «Se preferirem ver as peças, neste momento só é possível em Castelo Branco e na Covilhã, mas o Instagram, o Facebook e o site são as plataformas onde as podem comprar», esclarece o criador, adiantando que a abertura de uma loja física será certamente uma aposta no futuro. De resto, João Martins tem já algumas parcerias em vista, nomeadamente com lojas, para que possa expor as “t-shirts”, “sweatshirts” e os “hoodies” que cria. Por enquanto, este autodidata continua a trabalhar para fazer crescer a “Ingratas”, que surgiu de uma brincadeira e já conquistou o respeito do consumidor destacando-se como marca amiga do ambiente.

 

Catarina Reino

Sobre o autor

Efigénia Marques

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