Na vila raiana de Almeida estão a ser identificadas as casas onde outrora viveram escritores. O trabalho foi levado a cabo pelo o historiador Augusto Moutinho Borges no âmbito do projeto “Almeida – Vila de Escritores”, que definiu um roteiro com 35 autores «que nasceram ou viveram em Almeida».
Depois de descobrir as vivências de tantos escritores locais, situação que o responsável considera «inaudito em termos europeus, o que permite desenvolver outra valência para Almeida, que não seja conhecida apenas pela guerra e as Invasões Francesas, mas também por um conjunto de pensadores». Para Moutinho Borges, é «fascinante» que uma vila raiana, «longe de epicentros culturais, como Porto ou Coimbra, consiga congregar em um conjunto vasto de escritores». Trata-se de autores como Frei Brito, que foi secretário privativo do rei espanhol Filipe I; ou Brás Garcia de Mascarenhas, o poeta de Oliveira do Hospital, nascido em Avô, que escreveu a obra “Viriato Trágico”, e muitos outros no século XIV. Na transição para o século XX nasceram, por exemplo, António Telmo, Orlando Vitorino, o professor Américo da Costa Ramalho, Nuno de Montemor, que viveu grande parte da vida na Guarda, mas esteve em Almeida cerca de três meses e meio onde também escreveu alguma obra poética. Também o conhecido padre Bernardo Terreiro, que deixou músicas e hinos a nível nacional; o seu irmão padre Álvaro Terreiro, poeta sob o pseudónimo, e muitos outros.
Estes e outros escritores são recordados através de placas afixadas nos edifícios em causa onde constam o nome, as datas de nascimento e falecimento, o pseudónimo literário se for o caso e as áreas em que se distinguiram. Com esta iniciativa, os promotores pretendem dar a conhecer estas personalidades aos turistas, visitantes e residentes da antiga praça-forte. «O projeto “Almeida – Vila de Escritores” é um ato de cidadania ao homenagear os antepassados», afirma Moutinho Borges. O roteiro vai ser desenvolvido pela
Junta de Freguesia, a Associação dos Amigos de Almeida e o Solar de São João – Casa Memória, associando «a literatura, o património, a cultura e o pensamento». O percurso já está disponível através de «desdobráveis que permitem circular e deambular do longo das ruas para conhecer estas casas de autores que por cá passaram e deixaram uma marca no território», revela o historiador.
Já está disponível roteiro dos escritores de Almeida
Projeto de Augusto Moutinho Borges identificou as casas de 35 autores que nasceram ou viveram na antiga praça-forte