Região

Futuro dos castanheiros de Trancoso está na clonagem

Escrito por Luís Martins

Município prolongou parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para melhorar a cultura dos soutos e a produção de castanha

Trancoso já está a trabalhar no futuro dos soutos de castanheiros do concelho e na melhoria da produção de castanha. A tarefa envolve uma parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com a qual vai implementar o projeto “TRANCASNUT” e apostar na criação de castanheiros in vitro.
As duas ações foram apresentadas no passado dia 27 de março no primeiro “dia aberto do castanheiro” no auditório do pavilhão multiusos. «O TRANCASNUT visa a melhoria do castanheiro e da castanha no nosso concelho através de dois campos experimentais, um dos quais é um souto em que os produtores vão poder acompanhar todo o processo necessário para obter uma boa produtividade», refere Pedro Fidalgo. A parceria implica também o aconselhamento técnico dos produtores, a análise dos solos e ações de formação, entre outras iniciativas. Segundo o técnico do município, o futuro deste setor passa por «termos melhores árvores, melhores enxertias e melhor cultura do souto, que é ainda muito rudimentar em Trancoso. Não teve qualquer tipo de evolução nos últimos 40 anos».
O que vai revolucionar esta cultura será também o recurso à micropropagação in vitro em castanheiros. Isto é, a clonagem de árvores a partir uma planta mãe para dar enxertias de boa qualidade aos produtores. «Estes castanheiros criados em laboratório serão o futuro, pois terão excelentes condições fitossanitárias, não terão doenças e o seu preço vai baixar rapidamente porque a produção é rápida e em pouco espaço», acredita Pedro Fidalgo, segundo o qual, atualmente, um castanheiro custa 8 a 9 euros e com a clonagem «o preço cairá para metade e com a garantia de árvores mais resistentes e com mais e melhor castanha». É que esta técnica permite definir «a quantidade a produzir, o tempo de produção, as características das plantas e garante a inexistência de variabilidade genética entre plantas, que não é possível noutro modo de produção não é possível», acrescenta o técnico municipal.
O projeto da micropropagação foi apresentado por Andreia Afonso, da Deifil, uma empresa que já faz a criação de castanheiros in vitro. Já o “TRANCASTNUT” foi explicado pela professora Maria João Gaspar, da UTAD. Para Amílcar Salvador, presidente da Câmara de Trancoso, estas serão duas medidas que vão contribuir para desenvolver a cultura do castanheiro no município. «Queremos ter mais e melhor castanha nos próximos anos graças a esta parceria, que será fundamental para apoiar os nossos 900 produtores», considera o edil, lembrando que nos primeiros três anos deste acordo com a UTAD foram plantados 4.000 novos castanheiros. «É muito bom, mas o estudo apresentado pela universidade conclui que o concelho tem capacidade para 14 mil novos castanheiros que terão mais produtividade e produzirão castanha de melhor qualidade», acrescenta o autarca trancosense.
Assinado na última feira do fumeiro, em fevereiro, o protocolo com a UTAD foi renovado até 2023 e representa um investimento de 110 mil euros – cerca de 22 mil euros por ano. Ainda no âmbito desta fileira, Trancoso vai acolher o Xº Encontro Europeu da Castanha, que deverá reunir cerca de 300 participantes vindos de Espanha, França, Itália e Portugal. A atividade vai decorrer de 12 a 14 de setembro no pavilhão multiusos e é organiza em parceria com o município de Penedono.

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Luís Martins

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