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Empresa envolvida na polémica do pavilhão multiusos de Caminha é a mesma que queria construir o CET

Centro De Exposicoes 2
Escrito por Efigénia Marques

A empresa que obteve da Câmara de Caminha um contrato-promessa de arrendamento de um pavilhão multiusos, que não foi construído, e pelo qual recebeu um adiantamento de 300 mil euros, é a mesma que pretendia construir o Centro de Exposições Transfronteiriço (CET) na Guarda. Trata-se da Greenfield, alegadamente um fundo de investimento.
Em Caminha, então sob a presidência do atual secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, o contrato foi negociado e assinado em outubro de 2020 e o pagamento feito em março do ano seguinte, correspondendo à renda de que a autarquia deverá ser, eventualmente, devedora daqui a mais de 25 anos pela construção do referido equipamento, orçado em cerca de oito milhões de euros. Na Guarda, o método era similar. Em abril de 2020, o então presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro, dizia haver um «acordo de princípio» com os promotores, que se comprometiam a conseguir para a Guarda investimentos de entidades terceiras a concretizar nos 10 mil metros quadrados disponíveis no Rio Diz. Um deles seria um hospital gerido por um grupo de saúde privado.
Já a construção do futuro CET estava orçada em 19 milhões de euros, totalmente suportados pelos investidores privados, que, em contrapartida, pretendiam celebrar com o município um contrato promessa de arrendamento para fins não habitacionais que implicará o pagamento de uma renda mensal «de valor fixo» durante 20 a 25 anos aos promotores, que será da ordem dos 800 mil anos por ano. Findo o prazo de arrendamento, o imóvel, que também iria acolher o futuro Centro Tecnológico Fernando Carvalho Rodrigues, reverteria para o município por «um valor que não poderá ultrapassar os 25 mil euros», disse na altura o autarca social-democrata.
Contudo, a parceria e o projeto não foram avante. Em junho de 2020, Chaves Monteiro foi à reunião de Câmara dizer que tinha «cada vez mais dúvidas» sobre o procedimento a adotar e que proposta do fundo de investimento devia estar «melhor instruída» para o processo ser finalizado. No entanto, o principal problema continuava a ser o facto do terreno ainda não estar em nome da Câmara e decorrer uma ação de arresto dos bens da Sociedade Têxtil Manuel Rodrigues Tavares no Tribunal da Guarda.

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Efigénia Marques

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