Os descontos nas portagens das ex-SCUT, anunciados na semana passada pelo Ministério da Coesão Territorial, não satisfazem os utilizadores da região.
Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro de Portugal, considera que a redução no preço é «uma medida positiva», mas insuficiente para resolver os problemas da competitividade do interior. «Os descontos são, por princípio, uma aspiração da região e, como tal, medida positiva, mas é necessário ir mais longe», disse o responsável, para quem os reduções anunciadas – que apenas vigoram após a sétima viagem – são «por aí mesmo restritivas, podem induzir a visitação, mas estão longe de criar as condições necessárias para a consolidação da procura e resolver os problemas da competitividade».
Também a Plataforma pela Reposição das ex-SCUT contesta as propostas apresentadas dizendo que «nem os residentes da Beira Interior são meros consumidores que procuram descontos pela quantidade, nem o serviço básico de mobilidade disponível por aquelas SCUT’s deve ser onerado». O movimento que reúne empresários, sindicatos e utentes alega que «o Ministério das Finanças desconhece o que deve ser entendido como a mais lesiva prática anticompetitiva existente no interior do país e também o estudo da Infraestruturas de Portugal, para a manutenção das receitas finais das SCUT, se o desconto direto não ultrapassar os 35 por cento». Em comunicado, a Plataforma diz esperar que o primeiro-ministro «reveja, em tempo, a dita proposta da Portaria de forma a que se caminhe para a reposição da justiça e do modelo para o qual as SCUT foram construídas: a abolição total das portagens».
Os descontos anunciados para os carros ligeiros de classe 1 e 2 preveem, a partir de julho, a redução em 20 por cento do valor da taxa entre o oitavo e o 16º dia de viagem. A partir do 17º dia o desconto sobe para 40 por cento. Os primeiros sete dias são, desta forma, taxados ao preço total. Os descontos anunciados aplicam-se nas autoestradas A23, A25, A22, A24, A28, A4, A13 e A13-1.
«Se dependesse de mim não havia portagens», garantiu, por sua vez, Ana Abrunhosa, de passagem pela Feira do Queijo de Celorico da Beira, na sexta-feira. Na sua intervenção, a ministra da Coesão Territorial afirmou que os descontos «não são o cenário ideal, mas foram o possível». Aos jornalistas, a governante especificou que «se as pessoas utilizarem todos os dias as autoestradas a redução é de 25 por cento [no total mensal]. É uma redução de quantidades, que privilegia o uso». Ana Abrunhosa adiantou também que a sua ambição é «reduzir gradualmente o custo das portagens» ao longo da legislatura, tendo considerado «difícil» a abolição da cobrança nas ex-SCUT. «Mas não desistirei», acrescentou.
Descontos nas portagens considerados insuficientes
Plataforma pela Reposição das ex-SCUT insiste na abolição total da cobrança, Ana Abrunhosa fala em «reduzir gradualmente o custo das portagens» nesta legislatura