Região

Associação Distrital dos Agricultores pede ajuda ao Governo por causa da seca

Seca
Escrito por Efigénia Marques

Falta de precipitação esgotou os poucos recursos hídricos e pastagens disponíveis para alimentar os animais, alerta a ADAG

A Associação dos Agricultores do Distrito da Guarda (ADAG) está preocupada com a seca na região e pede ao Governo para que ajude os agricultores e produtores pecuários. «A situação é preocupante e está a comprometer as pastagens e também os recursos hídricos disponíveis», alerta Sandrina Monteiro, presidente da associação.
Esta segunda-feira o Governo reconheceu oficialmente a existência de uma situação de seca agrometeorológica severa e extrema em todo o continente, isto depois do mês de maio ter sido o mais seco desde que há registos oficiais. O pior é que as previsões apontam para que este Verão seja mais complicado do que em 2005. A presidente da ADAG lembra que o Inverno foi muito seco e o Verão começou com alguma precipitação, mas «não foi suficiente para colmatar a falta de chuva no Inverno», enquanto as temperaturas altas do final de maio «fizeram esgotar os poucos recursos hídricos que ainda existiam para alimentar os animais». Relativamente aos cursos de água, este ano «os mais pequenos nem chegaram a correr durante o Inverno», exemplifica a responsável, segundo a qual os agricultores «tiveram que fornecer água aos animais porque as charcas e alguns recursos naturais de água existentes nas parcelas de pastagem estavam secos».
Em consequência, também «não houve desenvolvimento das pastagens naturais e das forragens», alerta Sandrina Monteiro. Quanto à produção de centeio e aveia, que a maior parte dos agricultores têm para o Inverno, este ano «não chegaram» e, para comprometer ainda mais a situação, «o desenvolvimento vegetativo também não surgiu», refere. A representante dos agricultores do distrito salienta que «o panorama está muito complicado ao nível da agropecuária, com um acréscimo dos custos porque nesta altura do ano já tem que haver transporte de água». Na sua opinião, esta «escassez» de recursos vai fazer com que os preços «aumentem ainda mais».
Sabugal, Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo, no setor da agropecuária, Pinhel, na área do olival, amêndoa e vinha, bem como Gouveia e Seia, «são, por natureza, os concelhos mais afetados», destaca a dirigente, garantindo que «todos os concelhos do distrito estão em situação complicada». Nesse sentido, a ADAG já solicitou ajuda ao Ministério da Agricultura porque «a produção agrícola é a base de um país. Podemos viver sem muitos bens, mas não podemos viver sem alimentos», considera. Para Sandrina Monteiro, se o Governo não ajudar, alguns agricultores vão ter «mesmo que abandonar a atividade ou reduzir o efetivo pecuário porque não conseguem fazer face a estas questões de necessidade de alimentação dos animais, tendo em conta os preços dos combustíveis, dos cereais e dos fertilizantes».
A presidente da ADAG fala em dois tipos de apoios, o financeiro, com ajuda direta ao produtor «para fazer face aos custos de produção que estão cada vez mais elevados», e também ao nível de investimentos, «para captação de novos recursos hídricos e construção de charcas, poços e furos artesianos» nas explorações. A responsável espera que «não aconteça como nas últimas candidaturas», em que o distrito da Guarda «não foi contemplado» neste tipo de projetos e no acesso aos apoios. «Foi considerado que não estava numa situação de seca, mas nem é preciso fazer grandes estudos científicos, é só olhar para os campos», desabafa.
A seca também está a preocupar o presidente da Câmara da Guarda, que, no final da última reunião quinzenal do executivo, realizada na semana passada, disse aos jornalistas que «o Estado central vai ter que encontrar rapidamente formas de apoio para os agricultores, até do ponto de vista da silvopastorícia, porque temos muitos rebanhos e manadas na nossa região». Sérgio Costa sublinhou que se esses produtores tiverem que vender os seus efetivos «é mais território abandonado, menos limpo e vigiado». O autarca adiantou que estas questões estão «a ser tratadas» com os agricultores e produtores porque a falta de água, de pasto e rações para os animais «começa a ser preocupante».

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Efigénia Marques

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